
A 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro, servirá de vitrine global para soluções tecnológicas brasileiras focadas na sustentabilidade do agronegócio. A Embrapa apresentará duas inovações de alto impacto na AgriZone: a consagrada Fossa Séptica Biodigestora, que trata esgoto no campo, e a plataforma de inteligência artificial AGLIBS, que utiliza laser para medir o carbono no solo.
Desenvolvida há quase 25 anos pela Embrapa Instrumentação (SP), a Fossa Séptica Biodigestora é uma tecnologia social que já beneficia mais de 12 mil residências rurais em todo o Brasil. Os visitantes da AgriZone, espaço temático na Embrapa Amazônia Oriental, poderão ver a solução em funcionamento. Segundo o analista Sílvio Araújo, da Embrapa Amazônia Oriental, as unidades instaladas no local desde 2018 já impediram o despejo de 88 mil litros de esgoto no meio ambiente, eliminando o risco de contaminação do lençol freático por fossas rudimentares.
O sistema de saneamento se completa com o Jardim Filtrante, que trata as “águas cinzas” (pias, chuveiros). Para o pesquisador Wilson Tadeu Lopes da Silva, responsável pelo projeto, a tecnologia tem forte ligação com a adaptação às mudanças climáticas, pois permite o reuso agrícola seguro da água tratada. Silva, que participará de uma mesa-redonda sobre agricultura urbana (PNAUP) no dia 10, vê a COP 30 como uma “vitrine” para o potencial internacional da solução, que pode ser aplicada em países tropicais da África, América Latina e Ásia.
Na mesma AgriZone, a Embrapa apresentará a Plataforma de Inteligência Artificial AGLIBS, desenvolvida com a agfintech Agrorobótica. A plataforma digitaliza solos usando a espectroscopia de emissão por plasma induzido por laser (LIBS) — a mesma tecnologia usada pela NASA para analisar o solo de Marte. Com capacidade para analisar 1,2 mil amostras de solo por dia, a ferramenta mede mais de 20 parâmetros, incluindo o teor de carbono, de forma limpa e sem uso de reagentes químicos.
A precisão da plataforma AGLIBS tem uma aplicação econômica direta para o agronegócio. Conforme explica Débora Milori, coordenadora do Laboratório Nacional de Agro-Fotônica, a tecnologia permite financeiramente Medir, Reportar, Verificar e Comercializar (MRVC) o crédito de carbono no mercado voluntário internacional, etapas fundamentais para a execução de planejamentos climáticos e a redução de emissões de GEE.











