Elizabeth Santin
A abordagem de Saúde Única, cujo termo universal se traduz como One Health, enfatiza a interconexão entre saúde animal, humana e ambiental, promovendo práticas que assegurem o bem-estar de todos os envolvidos na cadeia de produção. Este conceito, essencial para a sustentabilidade, propõe que medidas de controle sanitário e ambiental na suinocultura contribuam para a saúde pública e para a preservação dos ecossistemas, evitando a disseminação de patógenos e reduzindo o uso excessivo de antibióticos.
Na prática, a implementação da Saúde Única na suinocultura envolve um conjunto de ações de biossegurança no manejo dos animais, garantindo que eles estejam em um ambiente controlado e livre de contaminações externas. Adicionalmente, a redução de emissões de gases e dejetos, o correto destino dos resíduos, e a promoção de uma alimentação adequada e sustentável para os suínos são práticas que reduzem o impacto ambiental e promovem um sistema de produção mais equilibrado.
Notícias Relacionadas
Para entender como a saúde única pode ser o caminho para sustentabilidade é necessário somente observar claramente os objetivos da suinocultura como uma cadeia de produção de alimento de qualidade, saudável e em quantidade para atender a demanda alimentar crescente da população humana.
Aqui apresenta-se alguns conceitos que podem ajudar a entender a importância da Saúde Única para Sustentabilidade.
Saúde Única propõe que, para prevenir e controlar doenças eficazmente, é essencial considerar o impacto conjunto das atividades humanas, a saúde dos ecossistemas e o bem-estar dos animais, pois essas áreas estão profundamente interligadas.
A ideia central da Saúde Única é que problemas de saúde — como a disseminação de doenças infecciosas, resistência antimicrobiana e desastres ambientais — exigem uma resposta que envolva a colaboração entre profissionais de diversas áreas, incluindo médicos, veterinários, nutricionistas, ecologistas e especialistas em políticas ambientais que para atuar em várias situações como:
1. Doenças Zoonóticas: Como cerca de 60% das doenças infecciosas em humanos são zoonóticas (transmitidas de animais para humanos), a Saúde Única foca em monitorar e prevenir essas doenças, promovendo vigilância integrada em populações animais e humanas.
2. Resistência Antimicrobiana: O uso indiscriminado de antibióticos em animais e humanos pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes. A Saúde Única propõe práticas de controle de antibióticos para reduzir essa ameaça global em produção animal, em saúde humana e em outras atividades como agricultura e tratamento de resíduos e/ou produtos de fermentação.
3. Impactos Ambientais: Desmatamento, mudanças climáticas e poluição pelos dejetos produzidos no processo de produção alteram os ecossistemas e, consequentemente, os padrões de doenças. Saúde Única promove a conservação ambiental e a redução de impactos ambientais para assegurar uma saúde coletiva.
O conceito de Saúde Única propõe uma abordagem de prevenção mais abrangente e eficaz para todos esses temas, pois integra diferentes setores e disciplinas para construir respostas coordenadas e baseadas em dados. Ela é essencial para enfrentar os desafios de saúde atuais e futuros de uma forma holística e sustentável, protegendo a saúde das pessoas, dos animais e do planeta.
E o que seria sustentabilidade?
A sustentabilidade é um conceito que se refere à capacidade de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. Ela se fundamenta em três pilares principais:
1. Ambiental: Preservação dos recursos naturais, evitando a degradação do meio ambiente e promovendo o uso consciente e renovável dos recursos, como água, ar e solo. Esse pilar foca em práticas que minimizam o impacto ambiental, como reciclagem, uso de dejetos para regenerar recursos como energia, uso adequado de antibióticos que afetam a conservação de biodiversidade e uso de energia limpa.
2. Social: Promoção da melhoria da qualidade de vida e garantia de condições de trabalho dignas e igualitárias para todos. A sustentabilidade social busca uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todas as pessoas possam ter acesso a saúde, educação e segurança. Dentro deste aspecto também podemos agregar o bem-estar animal, o controle de zoonoses, uso adequado de antibióticos e produção de alimento saudáveis e em quantidade para demanda mundial.
3. Econômico: Desenvolvimento econômico que promove o bem-estar sem exaurir os recursos naturais e sem causar impacto social negativo. Esse pilar incentiva práticas que possibilitem um crescimento econômico estável e eficiente, apoiado em processos produtivos que considerem o uso sustentável de recursos. Lembrando que não existe sustentabilidade sem retorno financeiro, o uso de ferramentas que permitam mensurar as perdas e adequar soluções eficientes são fundamentais para conseguirmos a sustentabilidade econômica em suinocultura.
