
O mercado físico da soja registrou uma intensa movimentação de compradores chineses nos últimos dias, resultando na reserva de pelo menos 20 navios com origem no Brasil. A demanda, confirmada por traders internacionais nesta segunda-feira (3/11), é uma resposta direta à queda nos prêmios da oleaginosa sul-americana, um reflexo da expectativa do mercado sobre a retomada das negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
As negociações, que incluem 10 carregamentos para embarque em dezembro e outros 10 para o período de março a julho, marcam uma inversão no fluxo recente. Nas últimas semanas, a soja brasileira estava sendo negociada com valores superiores aos da americana, devido às tarifas chinesas que barravam o grão dos EUA. Agora, o cenário mudou. “O Brasil está mais barato que o Golfo do México, e os compradores estão aproveitando a oportunidade para reservar cargas”, afirmou um trader de uma processadora internacional na China.
A competitividade brasileira é clara nos números: a soja para embarque em dezembro está cotada com um prêmio de US$ 2,25 a US$ 2,30 sobre o contrato de janeiro em Chicago. Em comparação, a soja americana, embarcada pela Costa do Golfo dos EUA, é ofertada a um prêmio de US$ 2,40 por bushel. Esse retorno da demanda, mesmo que impulsionado pelo degelo das tensões sino-americanas, deu suporte a Chicago, onde os futuros da soja atingiram seu maior patamar em 15 meses nesta segunda-feira.
O pano de fundo para essa mudança de preços é o acordo firmado entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping na Coreia do Sul, na semana passada. A Casa Branca detalhou que Pequim concordou em comprar 12 milhões de toneladas de soja dos EUA nos últimos dois meses de 2025 e outras 25 milhões de toneladas anuais nos três anos seguintes. Apesar disso, o mercado ainda opera com cautela, aguardando a confirmação oficial de Pequim sobre a remoção das tarifas. “Não podemos tomar decisões comerciais até que a China anuncie a remoção da tarifa”, disse um segundo operador. Enquanto isso, a estatal chinesa COFCO já se adiantou, adquirindo três navios da nova safra americana na semana passada.
Referência: Reuters












