
O segundo incêndio em três meses em um silo da empresa Cotribá, em Arroio Grande (RS), chamou a atenção para os riscos associados ao armazenamento de grãos, especialmente a soja. O fogo atingiu uma estrutura com cerca de 120 toneladas do grão e, apesar de controlado no mesmo dia, o local continua liberando fumaça.
Segundo especialistas, silos de grãos operam em condições que favorecem a combustão. O agrônomo e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Elbio Cardoso, explica que o principal fator é o acúmulo de poeira fina gerada durante a armazenagem. Essa poeira se suspende no ar, formando uma atmosfera altamente inflamável que pode ser detonada por uma faísca. As principais causas de incêndio estão relacionadas a poeira, faíscas de equipamentos elétricos (curto-circuito ou motores) e o confinamento, que potencializa a reação.
Prevenção e Exigências de Seguro
Para o pesquisador, o manejo adequado dos grãos antes da armazenagem e o gerenciamento da poeira são essenciais para reduzir os riscos. Cardoso enfatiza que a Embrapa foca em pesquisas voltadas à adoção de boas práticas de armazenamento como o principal modo de minimizar as explosões.
As seguradoras têm reforçado as exigências para cobrir estruturas de armazenagem. O corretor Mauro Motta alerta que a combustão espontânea é uma ameaça real e que as seguradoras analisam o risco verificando se o produtor mantém o controle de umidade, termometria, aeração e histórico de manutenção.
André Lins, vice-presidente de Agronegócios da Alper Seguros, afirma que estruturas improvisadas comprometem a elegibilidade ao seguro e que tecnologias como sensores de temperatura e umidade são consideradas essenciais para mitigar riscos. A Cotribá, responsável pelo silo, confirmou em nota que a estrutura e os grãos armazenados possuem cobertura de seguro.











