
- INTRODUÇÃO
Este documento apresenta uma leitura integrada da Qualidade Total na Biosseguridade (QTB) à luz da Teoria U, de OTTO SCHARMER (2010). Dividido em três fases – descida, base e subida do U – o conteúdo articula a história da QTB no Brasil, com ênfase na Epidemiologia como eixo transformador e fundamento ético e científico da prevenção.
- EVOLUÇÃO DA TEORIA U
A Teoria U é um modelo de transformação profunda de sistemas, desenvolvido por Otto Scharmer, professor do MIT e fundador do Presencing Institute. Essa abordagem propõe que mudanças significativas e sustentáveis só ocorrem quando líderes e organizações se conectam com o futuro que deseja emergir, em vez de reproduzir padrões do passado.
A jornada da Teoria U segue um movimento em forma de ‘U’, com três grandes etapas: 1) ‘Baixar’ ou ‘suspender os julgamentos’ e observar a realidade com mente aberta; 2) ‘Presenciar’, ou seja, conectar-se profundamente com a essência do sistema e permitir que um novo conhecimento surja; e 3) ‘Realizar’, traduzindo essa nova visão em ação concreta por meio de cocriação.
Entre seus principais pilares estão a escuta profunda (escutar além do óbvio), a abertura para desaprender (deixar ir o que não serve mais) e o compromisso com a ação que vem do futuro emergente (deixar vir o que precisa nascer). A Teoria U é utilizada mundialmente para guiar processos de inovação sistêmica, liderança regenerativa e transição para modelos sustentáveis.
- INTRODUÇÃO SOBRE A BIOSSEGURIDADE NA SUINOCULTURA BRASILEIRA
- Contexto Histórico e revisão de literatura
A biosseguridade na suinocultura brasileira iniciou sua estruturação entre as décadas de 1980 e 1990, impulsionada principalmente pela necessidade de se controlar doenças como a peste suína clássica, doenças respiratórias e gastrointestinais. A introdução de sistemas de produção tecnificados, a pressão dos mercados internacionais por produtos sanitariamente seguros e a modernização dos plantéis foram fatores determinantes para a adoção inicial de medidas sistematizadas de biosseguridade.
O documento oficial (Programa Nacional de Sanidade Suídea) estruturou a vigilância, prevenção e controle de doenças suínas, oferecendo as bases para as práticas de biosseguridade nas granjas comerciais brasileiras (MAPA, 2001).
Na trajetória da biosseguridade na suinocultura brasileira desde suas origens na década de 1980 até os avanços contemporâneos destaca-se o papel inestimável das integrações e da legislação sanitária (ROCHA et al, 2021).
A biosseguridade deixou de ser apenas uma exigência sanitária para se tornar um diferencial competitivo e gerencial nas integrações (SILVA & COSTA, 2020)
Importância da formação de profissionais para implementação de programas eficazes de biosseguridade ressaltando a necessidade de transformação cultural no setor (SANTOS & FERREIRA, 2022)
Análise atualizada das práticas de biosseguridade em granjas brasileiras, incluindo indicadores sanitários, avanços em programas preventivos e desafios persistentes (OLIVEIRA et al 2023).
Consolidação das Práticas de Biosseguridade: durante a década de 1990, com o fortalecimento do Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS) e o surgimento de grandes integrações, a biosseguridade ganhou corpo como prática obrigatória. Foram estabelecidos protocolos para quarentena, controle de visitantes, limpeza e desinfecção de instalações, controle de pragas e exclusão de doenças de notificação obrigatória. A entrada de novas tecnologias e a influência de legislações internacionais reforçaram a padronização das ações de biosseguridade no Brasil.
- Situação Atual
Atualmente, a biosseguridade é reconhecida como um pilar estratégico da suinocultura moderna. É parte integrante de programas de qualidade, auditorias internas e certificações sanitárias. A ênfase tem se deslocado do controle para a prevenção, com foco em educação continuada, avaliação de risco e uso de aditivos não antibióticos como parte de uma abordagem integrada de saúde.
A suinocultura brasileira avançou significativamente em biosseguridade nas últimas décadas, especialmente após a consolidação das integrações e o fortalecimento do Programa Nacional de Sanidade Suídea (PNSS). Atualmente, observa-se a aplicação rotineira de práticas como controle de entrada de pessoas, veículos e animais, quarentena de reprodutores, limpeza e desinfecção, controle de vetores, descarte adequado de dejetos e carcaças, e uso de aditivos não antibióticos.
A biosseguridade como componente essencial de produtividade, sustentabilidade e acesso a mercados internacionais na suinocultura moderna (SILVA & COSTA, 2020).
A análise do panorama da biosseguridade em sistemas de produção suinícola no Brasil, destaca avanços, lacunas e tendências futuras com foco preventivo. O autor conclui que a suinocultura brasileira está em transição de um modelo reativo para um modelo preventivo de biosseguridade, e que a consolidação dessa mudança exige educação sanitária continuada, incentivo à adoção de tecnologias e comprometimento institucional com a Qualidade Total na Biosseguridade (QTB) (ROCHA et al, 2021).
- DESENVOLVIMENTO DA BIOSSEGURIDADE NA SUINOCULTURA COM BASE NA TEORIA U
1. INTRODUÇÃO
A Teoria U, desenvolvida por Otto Scharmer, propõe um modelo de transformação profunda que parte da observação do presente (descida do U), passa por um estágio de reflexão e reinvenção (base do U) e culmina na construção de novas realidades (subida do U). A aplicação desse modelo à biosseguridade na suinocultura permite compreender como o setor evoluiu de uma postura reativa para uma abordagem cada vez mais preventiva, fundamentada na Qualidade Total.
Esta obra seminal sobre a Teoria U, descreve as etapas do processo de transformação, com foco em liderança, escuta profunda e inovação colaborativa. Base para aplicação do modelo à biosseguridade.
2. DESCIDA DO U: OBSERVANDO A REALIDADE DA SUINOCULTURA
No início, a biosseguridade na suinocultura era tratada de forma reativa, com foco no controle de surtos e medidas pontuais. A resistência a mudanças, a fragmentação das práticas sanitárias e a ausência de protocolos unificados refletiam a fase inicial da descida no U, caracterizada por observar sem julgar e enfrentar desafios como mortalidade neonatal, doenças respiratórias, diarréias e falhas no transporte e manejo.
3. BASE DO U: INTERIORIZAÇÃO E REDESENHO DE PARADIGMAS
Ao chegar à base do U, o setor passa a reconhecer a necessidade de romper com velhos padrões e compreender a biosseguridade como um sistema integrado e estratégico. Iniciativas como capacitação de técnicos, formação de programas de educação continuada, implementação de planos de contingência e auditorias internas marcam esse ponto de virada. Há um mergulho reflexivo sobre causas sistêmicas de falhas sanitárias e o papel do extensionista como agente de mudança.











