
O primeiro registro do vírus H5N1 da influenza aviária em uma granja comercial no Brasil, localizada em Montenegro (RS), desencadeou uma série de embargos à carne de frango brasileira por importantes compradores internacionais. A China, maior cliente do Brasil, e a União Europeia, além de Argentina, Uruguai, México, Chile, Coreia do Sul, África do Sul e Canadá, suspenderam temporariamente as importações. A Malásia se juntou à lista, bloqueando as compras de todo o território nacional. O Japão, por sua vez, restringiu as importações de aves vivas do Rio Grande do Sul e de carne de frango e ovos apenas do município de Montenegro.
A indústria avícola brasileira ainda não possui uma estimativa precisa das perdas, mas segundo análise inicial de instituições federais e do MAPA, projetam um impacto de cerca de US$ 250 milhões por mês, ou 150 mil toneladas mensais. Em 2024, o Brasil liderou as exportações globais de carne de frango, com 5,294 milhões de toneladas (in natura e industrializada), gerando uma receita cambial de US$ 9,928 bilhões.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou que o embargo inicial de 60 dias imposto por alguns países pode ser reduzido através de negociações diplomáticas e comerciais, com a possibilidade de as restrições serem limitadas à área próxima ao foco. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, também se mostrou otimista quanto à revisão do prazo e à possibilidade de regionalização das restrições, caso os importadores considerem as informações do Brasil suficientes para isolar o problema. A expectativa é que o país possa recuperar o status sanitário de livre de gripe aviária perante a Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa) em um período de 30 a 40 dias após a conclusão dos trabalhos de desinfecção.
Enquanto os embargos persistirem, a redução das exportações pode gerar um aumento temporário dos preços no mercado internacional, dada a significativa participação do Brasil no mercado global. No entanto, no mercado doméstico, o cenário pode ser inverso, com um aumento da oferta de frango e ovos, potencialmente levando a uma queda nos preços para o consumidor, conforme avalia o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados.
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A equipe econômica do governo Lula considera, preliminarmente, que os impactos dos embargos devem ser atenuados e revertidos em breve, após as primeiras conversas do Ministério da Agricultura com os países envolvidos. A análise mais completa dos efeitos está prevista para esta segunda-feira.
Especialistas como Rafael Barisauskas, professor de Agronegócios e Cadeias de Valor na Fecap, dizem que é precipitado afirmar que o foco de gripe aviária pode afetar o crescimento da economia brasileira, classificando a situação atual como isolada. Fábio Silveira, por outro lado, alerta para a possível redução da rentabilidade dos avicultores devido à esperada queda dos preços do frango no mercado interno, em um ano com previsão de alta no preço do milho, principal insumo da ração. André Braz, da FGV, aponta que o redirecionamento da oferta para o mercado interno pode trazer alívio, especialmente nos preços dos ovos, que registraram forte alta no ano.
O governo brasileiro já iniciou contatos com os países importadores para tentar mitigar o impacto dos embargos, buscando a regionalização das restrições. A expectativa em Brasília é que importantes mercados como os do Oriente Médio e as Filipinas adotem essa abordagem. A “auto suspensão” das exportações para a União Europeia é vista como uma estratégia importante para facilitar a reversão das restrições no futuro. O Japão, ao oficializar o embargo, demonstrou uma postura de regionalização, restringindo as medidas ao estado do Rio Grande do Sul e, de forma mais específica, ao município de Montenegro para alguns produtos.
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Referência: CNN Brasil/ MAPA/ G1/ Reuters/ Estadão/ GOV











