Um trabalho da Embrapa Suínos e Aves de Concórdia-SC ajudou na metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para revisar e atualizar os registros de peso de carcaça de frangos que são divulgados na Pesquisa Trimestral do Abate de Animais. A série histórica da pesquisa iniciou em 1997 e, a partir desta nova metodologia, foram efetuados ajustes cuja necessidade foi identificada pela Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do instituto, conforme comunicado da Diretoria de Pesquisas do IBGE divulgado no início da semana (9).
Segundo o IBGE, “após consultas aos informantes da pesquisa via Central de Entrevistas Telefônicas Assistidas por Computador (CETAC), visitas presenciais e discussão técnica com a Embrapa Suínos e Aves, foi confirmado que muitos informantes da pesquisa repassavam o peso vivo dos animais ao invés do peso de carcaça e que a maioria dos informantes não possui registros adequados de peso de carcaça para fornecer, e sim do peso vivo”.
Assim, o IBGE estudou a série completa da pesquisa e incluiu novas variáveis de apoio no questionário aplicado desde 2019, como o peso vivo, além do peso de carcaça que já era informado, e separação dos dados por categorias abatidas (galetos, frangos e frangões). Contando ainda com o apoio da Embrapa Suínos e Aves, conseguiu identificar os erros e corrigi-los.
A correção – A correção foi realizada com base na série individual dos estabelecimentos, aplicando-se, na maioria dos casos, modelo matemático para transformação do peso vivo em peso de carcaça. Para tanto, baseou-se no estudo disponível no Comunicado Técnico número 582 da Embrapa Suínos e Aves, de outubro de 2021. O “Método para estimar o peso de carcaça fria em função do peso vivo de frangos de corte” é um trabalho dos pesquisadores Arlei Coldebella, Gerson Scheuermann, Luizinho Caron e do analista Anildo Cunha Junior. O comunicado pode ser baixado gratuitamente no endereço https://www.infoteca.cnptia. embrapa.br/infoteca/bitstream/ doc/1135271/1/final9504.pdf.
No comunicado, é mostrado que a estimativa do peso de carcaça fria de frangos de corte a partir do peso vivo segue três passos. No primeiro passo, foram levantados dados de peso vivo e peso de carcaça quente (sem pés, vísceras e cabeça). Com esses dados, foram calculados os parâmetros para estimar o peso da carcaça quente em função do peso vivo das aves.
No passo dois, foram utilizados dois trabalhos para obter o coeficiente brasileiro de condenação de carcaças. O coeficiente obtido foi multiplicado pela estimativa do peso de carcaça quente para obter o peso dessa carcaça descontando as condenações.
No passo três, foi calculado o percentual de absorção de água pelas carcaças ao passar pelo sistema de pré-resfriamento líquido. Com base na absorção, foi proposto um fator para multiplicar pelo peso da carcaça quente descontando as condenações e estimar, então, o peso da carcaça fria. Ao final, foi adicionado o peso de outras partes comestíveis (pés, coração, moela e fígado) ao peso da carcaça fria.
Para subsidiar o trabalho a equipe de pesquisa da Embrapa Suínos e Aves utilizou dados oriundos de avaliações em 20 abatedouros nos meses de janeiro de 2020 a março de 2021 de pelo menos duas linhagens diferentes de frangos, com lotes de ambos os sexos, desde griller (ave com peso médio vivo de aproximadamente 1,5 kg) até frangão, além de utilizar dados internacionais.
Série revisada – A divulgação da série completa revisada no SIDRA (1997 a 2022) está prevista para o dia 10 de fevereiro, data da divulgação dos Primeiros Resultados das Pesquisas Trimestrais da Pecuária para o 4° trimestre de 2022.