
A COP30, conhecida como FLOP30, felizmente está prestes a fechar as cortinas do seu triste palco. O evento foi anunciado como o momento em que o Brasil finalmente mostraria ao mundo sua maturidade ambiental: um país líder, capaz de unir preservação, desenvolvimento e justiça climática. A conferência em Belém deveria ser o símbolo máximo dessa ambição — e, por isso mesmo, o tamanho do fiasco é proporcional ao tamanho da promessa.
A COP30 não fracassou por estar na Amazônia. Fracassou porque foi conduzida por um governo que, depois de 17 anos de poder, ainda acredita que marketing substitui gestão, que propaganda compensa a falta de planejamento e que a realidade pode ser maquiada com comunicados oficiais e coletivas de imprensa.
O governo federal despejou cifras bilionárias em Belém, mas a maior parte das obras tinha mais cara de “maquiagem emergencial” do que de legado. Asfaltos novos, placas temáticas, corredores improvisados. A cidade ganhou cenários, mas não ganhou soluções. Quem vive nos bairros periféricos continua sem saneamento, sem transporte digno, sem hospitais funcionando a pleno — e sem qualquer perspectiva de que isso mude quando as delegações forem embora em poucos dias.
Enquanto o governo celebrava “a Amazônia no centro do mundo”, quem vive na Amazônia continuava fora do centro das prioridades.
As críticas de delegações estrangeiras sobre a falta de estrutura não foram surpresa: hotéis lotados, preços inacessíveis, deslocamentos lentos e eventos paralelos desorganizados. Uma COP que deveria ser inclusiva tornou-se inacessível até para alguns países do Sul Global — justamente aqueles que o Brasil diz defender.
A escolha de Belém poderia ter sido histórica. Mas a execução foi tão deficiente que transformou um gesto inovador em um problema diplomático.
A declaração do chanceler alemão Friedrich Merz — grosseira, sim, mas reveladora — tornou-se o símbolo de uma organização que não conseguiu garantir o mínimo: conforto, mobilidade e previsibilidade. O governo reagiu como costuma reagir: com indignação, ofensa e patriotismo de palanque. Em vez de reconhecer falhas, preferiu atacar o mensageiro.
Mas a verdade é que, se a COP tivesse sido exemplar, nenhum chanceler teria encontrado terreno fértil para esse tipo de comentário. A crítica só repercutiu porque muita gente compartilhou da mesma experiência. E o condenado amante da cachaça, novamente, respondeu com uma nova pérola: propor ao chanceler Merz uma ida ao boteco, como se o líder alemão fosse da sua estirpe!
A condução da conferência pelo senhor André Corrêa do Lago foi mais do que decepcionante. Um presidente de COP precisa ter autonomia, firmeza e visão global. Em vez disso, o que se viu foi alinhamento automático ao discurso oficial, respostas evasivas e ausência de liderança, especialmente em momentos críticos.
Quando questionado sobre contradições do governo — como insistir na exploração de petróleo na margem equatorial enquanto propaga o discurso verde — Andrezinho, que só tem altura, preferiu a ambiguidade. Foi mais leal ao governo do que à missão da conferência.
E uma COP sem liderança é uma COP vulnerável. Foi exatamente isso que aconteceu, mas o Itamaraty de sempre não pode ser, de forma alguma, culpabilizado pelos péssimos diplomatas que são privilegiados nas gestões petistas.
Enquanto ministros anunciavam metas e promessas polidas, povos indígenas protestavam dentro da sede, denunciando exclusão e contradições. Nada mais simbólico: a COP que nasceu para dar voz à Amazônia terminou ignorando aqueles que mantêm a Amazônia viva.
A COP30 ofereceu ao Brasil uma oportunidade rara: mostrar ao mundo que é possível combinar responsabilidade ambiental com desenvolvimento social. O governo não apenas desperdiçou a oportunidade — desperdiçou com estardalhaço.
Terminamos com uma COP marcada por improviso, contradições internas, crises diplomáticas, protestos inéditos, debilidade logística e liderança organizacional muitíssimo aquém do desafio.
É um retrato claro do PT no poder: discursos impecáveis, execução falha; ambição retórica, incapacidade prática; e, principalmente, uma insistência inabalável em acreditar que narrativa é mais importante que resultado.
A COP30 não será lembrada como a conferência da Amazônia. Será lembrada como o momento em que o Brasil revelou, ao vivo e em escala global, a profundidade das suas próprias contradições.
E, ao contrário do que pensa o governo petista, isso não se resolve com uma nota oficial, nem com marketing, nem com ataques à imprensa ou a chanceleres estrangeiros.
Só se resolve com gestão. E isso, infelizmente, foi exatamente o que faltou.
A Amazônia merecia mais. O Brasil merecia mais. O mundo merecia mais. E, o pior, o nosso agro brasileiro vai pagar esta conta também!
Por Jogi Humberto Oshiai, CBO da Melo Advogados, M4 Capital e Diretor da Oshiai Consultoria e Assessoria Ltda, de Bruxelas, capital da União Europeia.












