
Em um cenário dominado por linhagens comerciais de rápido crescimento, uma joia da suinocultura nacional luta para sobreviver. O Caruncho Três Cores, uma raça suína genuinamente brasileira, encontra-se em risco de extinção. Originário do Nordeste e do interior paulista, este animal é um símbolo da tradição rural, valorizado tanto por sua extrema rusticidade quanto pela qualidade gastronômica de sua carne, que apresenta gordura de alta qualidade ideal para a produção de banha e torresmo.
A preservação desta genética está intrinsecamente ligada à história de Adir do Carmo Leonel, um dos mais importantes pecuaristas do país. A trajetória da linhagem preservada, conhecida como Caruncho Borborema, começou no final da década de 1950, com exemplares adquiridos em Borborema (SP). Em 1960, a Fazenda Adir iniciou oficialmente a seleção da raça, um trabalho que perdura há mais de seis décadas.
Hoje, o Grupo Adir, por meio da Fazenda Barreiro Grande, em Nova Crixás (GO), mantém exemplares da raça como parte de um esforço de conservação genética. O projeto Adir Integração também atua na comercialização da carne e da banha de forma artesanal e sustentável.
O valor do Caruncho Três Cores não está na velocidade de produção, mas em sua adaptação e qualidade. É um suíno rústico, adaptado ao clima tropical e capaz de prosperar em condições adversas de calor e alimentação escassa. O manejo é extensivo, com os animais criados soltos a pasto, alimentando-se de vegetação nativa, o que confere à carne um sabor distinto, textura firme e gordura aromática.
Apesar de seu crescimento mais lento, o peso adulto médio varia entre 60 e 100 quilos, podendo atingir 150 kg, a raça vem ganhando destaque entre chefs e consumidores que buscam a autenticidade da culinária caipira. O legado de Adir Leonel, pioneiro na pecuária bovina, reflete-se na manutenção deste plantel suíno: a preservação da genética e da identidade rural como um pilar tão importante quanto a própria produção comercial.
Referência: Jornal Folha DF












