
Consultores de bem-estar animal do Defra (Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido) recomendaram a eliminação gradual do CO2 como método de atordoamento de suínos antes do abate. O parecer, publicado hoje, pede uma transição para métodos alternativos em um prazo de cinco anos e sugere limites de impostos à produção nos matadouros para melhorar o bem-estar.
O relatório do Comitê Independente de Bem-Estar Animal avaliou os impactos no bem-estar dos suínos causados pelo atordoamento com gás CO2 de alta concentração. Atualmente, 90% dos suínos criados na Inglaterra e no País de Gales são atordoados pela exposição a altas concentrações de CO₂.
Problemas de Bem-EEstar com o CO2
O relatório afirma que a exposição de suínos conscientes a altas concentrações de CO₂ está associada a três grandes problemas de bem-estar: dor, dificuldade respiratória e medo. “Isso se manifesta comportamentalmente como vocalizações, hiperventilação e tentativas de fuga. São observados antes da perda de postura e, portanto, ocorrem na fase consciente do processo de atordoamento”, explica o documento.
A recomendação de eliminar gradualmente o CO2 é endossada por órgãos como o Conselho de Bem-Estar dos Animais de Fazenda (FAWC) e a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), que classificam a exposição a altas concentrações de CO₂ como “aversiva aos suínos”.
Alternativas e Recomendações
O relatório analisou a viabilidade de outros métodos, como a exposição a uma mistura de gases inertes (argônio ou nitrogênio), que “provoca uma reação visível imediata mínima”. No entanto, o relatório observa “desafios técnicos” e ressalta que “todas as misturas letais de CAS estão associadas a algum grau de comprometimento do bem-estar”.
O comitê fez uma série de recomendações ao governo e à indústria, incluindo:
- Proibir o uso de CO₂ (inclusive em combinação com gases inertes) para atordoamento, para evitar dor e sofrimento evitáveis.
- Estabelecer um período de transição de, no máximo, cinco anos para a mudança a métodos alternativos.
- Limitar o número de animais por hora nas linhas de abate para garantir que cada animal tenha tempo de passar pelo sistema sem necessidade de coerção física.
- Exigir que os suínos sejam mantidos em um pequeno grupo social durante o período de espera e abate.
- Incentivar a pesquisa em tecnologias, como sistemas automatizados de monitoramento por vídeo (IA), para avaliar o bem-estar e detectar danos no matadouro.
Reação da NPA
A NPA (National Pig Association) reconheceu as preocupações, mas enfatizou que a indústria deve trabalhar em conjunto para decidir o futuro, pois ainda não há uma alternativa “melhor” conclusiva que seja comercialmente viável e que evite consequências indesejadas, como problemas na capacidade de produção ou na qualidade da carne. A NPA reforçou que qualquer nova abordagem deve ser comercialmente viável para garantir a aceitação e evitar o abate de animais na fazenda por tempo prolongado.
Referência: Pig World











