
O surto de Peste Suína Africana (PSA) detectado recentemente na Catalunha, no norte da Espanha, ganhou contornos de mistério e preocupação científica. Embora as autoridades confirmem que a disseminação do vírus parece contida dentro de uma zona de exclusão de 6 km de diâmetro, a investigação sobre a origem da infecção tomou um novo rumo. Testes realizados pelo CISA-INIA (centro de pesquisa em saúde animal de Madri) identificaram que a cepa circulante é a variante “Geórgia 2007”. Esta linhagem específica não é encontrada atualmente na natureza, sendo utilizada exclusivamente em estudos experimentais e testes de vacinas, o que levantou a hipótese de um vazamento laboratorial.
O ministro da Agricultura da Catalunha, Òscar Ordeig, confirmou que uma comissão especializada será nomeada para investigar a fundo o caso, mantendo todas as possibilidades em aberto. A atenção se volta para o CReSA, um centro de pesquisa de referência mundial localizado no campus da Universidade Autônoma de Barcelona, situado justamente dentro da zona de restrição de 6 km. “Não podemos confirmar nada”, ponderou Ordeig, ressaltando a necessidade de cautela para não questionar prematuramente as instituições científicas, mas admitindo que a hipótese inicial de contaminação por restos de comida pode não ser a única explicação.
Enquanto a investigação avança, a tensão entre o governo e o setor produtivo permanece. Grandes empresas da suinocultura espanhola pressionaram pelo abate sanitário imediato de todos os animais na região e pela eliminação de javalis em um raio de 20 km, visando blindar as exportações. No entanto, o governo catalão descartou medidas drásticas no momento. As 15 granjas comerciais localizadas na área de risco, que alojam cerca de 35.600 suínos em fase de terminação, seguem sob inspeção rigorosa. Até agora, a situação nessas unidades é de normalidade, e os animais deverão seguir o fluxo regular de abate para consumo, uma vez que não apresentam sinais da doença.
Referência: Pig Progress











