
Com mais de três décadas de atuação dedicada à defesa do produtor e à representatividade do setor, Valdomiro Ferreira, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), se tornou uma referência quando o assunto é suinocultura independente. À frente da entidade que atua no principal polo de consumo de carne suína do país, ele acompanha de perto os desafios e avanços de um setor que, mesmo diante da volatilidade de custos e da concentração industrial, mantém firme a convicção de que é possível produzir com eficiência, identidade e valor agregado.
Nos últimos anos, a carne suína conquistou um espaço de destaque na mesa dos brasileiros, especialmente entre consumidores que buscam produtos de origem controlada, manejo cuidadoso e cortes de alta qualidade. Esse movimento tem impulsionado o avanço da carne premium, um segmento que representa não apenas uma nova forma de comercialização, mas uma mudança de mentalidade, que valoriza o bem-estar animal, a rastreabilidade e a experiência gastronômica. A aposta em qualidade vem transformando o modo de produzir e aproximando o setor do público urbano.
Outro exemplo da força da organização setorial é o trabalho desenvolvido pela APCS com a Bolsa de Suínos do Estado de São Paulo e o Consórcio Paulista de Suinocultores. Ambas as iniciativas reforçam a importância da união e da representatividade, contribuindo para maior transparência na formação de preços, previsibilidade nas negociações e fortalecimento coletivo dos produtores independentes, pilares essenciais para um setor mais equilibrado e competitivo.
Nesta entrevista à Revista Suinocultura Industrial, Valdomiro fala sobre a maturidade do setor, as dores e conquistas da suinocultura independente, e os caminhos que podem garantir um futuro mais sustentável e valorizado para quem vive da atividade.
- A suinocultura brasileira vem passando por transformações importantes. Como descreveria o momento atual da atividade e o papel que a produção independente exerce nesse cenário em transformação?
As transformações do setor são constantes. Exige muito foco na gestão. Os independentes, exercem muito bem seu papel, trabalhando para evoluir seus índices de produtividade. Hoje, podemos dizer que o Suinocultor de São Paulo, concorre nos mesmos níveis zootécnicos que os demais estados.
- Em meio às oscilações de custos e margens reduzidas, quais têm sido os principais desafios enfrentados pelos suinocultores independentes e de que forma a APCS têm atuado para apoiá-los?
O Consórcio Suíno Paulista é nossa maior ferramenta para melhorar nossos custos de produção. Comprar conjuntamente foi a melhor solução. Os números ao longo do tempo demonstram isso.
- O setor vive um novo momento de visibilidade. O consumo de carne suína cresce, o público se diversifica e há espaço para produtos diferenciados. O que explica essa mudança na percepção do consumidor?
O trabalho desenvolvido pela nossa entidade mãe (ABCS) e o Fundo de Desenvolvimento da Suinocultura Brasileira, em conjunto com suas estaduais, são responsáveis pelo crescimento no consumo e a percepção que temos um excelente produto de proteína animal. Diria, que somos a “Bola da Vez” perante o consumidor.
- Dentro desse contexto, o conceito de carne suína premium ganha força. O que caracteriza uma carne premium e que oportunidades ela abre para o produtor independente?
Abre as portas. Hoje em São Paulo nosso setor está ganhando cada dia que passa, visibilidade no setor gastronômico. Um novo mercado e os independentes estão muito perto do consumidor, portanto, faz toda a diferença.
- Produzir com qualidade é apenas parte do desafio. Quais estratégias acredita que o produtor deve adotar para agregar valor, conquistar novos mercados e alcançar melhor remuneração?
Primeiro olhar é melhorar seu custo de produção;
Segundo biosseguridade em seu rebanho;
Em São Paulo buscar nichos de mercado. Hoje temos grandes centros urbanos maiores que muitas capitais do estado;
Parceria com Frigoríficos para vender cortes de primeira.
- A Bolsa de Suínos do Estado de São Paulo se consolidou como referência na formação de preços e transparência do mercado. Que importância essa ferramenta tem para o equilíbrio das negociações e a previsibilidade do setor?
Não tenho nenhuma dúvida. A Bolsa de Suínos de SP foi um marco no setor. Hoje operamos em conjunto com os frigoríficos na formação de preço. Isso é crescimento de conduta por ambas as partes.
- O Consórcio Paulista de Suinocultores têm se mostrado um modelo de união e representatividade entre produtores. Como nasceu essa iniciativa e quais resultados concretos ela já apresentou?
Nasceu de uma crise no setor em 2010/2011. Aliás, crises também exigem do criador, buscar alternativas. Se continuássemos individuais, estaríamos fora do mercado. Hoje com o Consórcio, somos respeitados pela transparência, profissionalismos nas compras e investimos no controle de qualidade dos produtos adquiridos.
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