A Embrapa, em um trabalho científico, provou a viabilidade da integração nos aspectos econômico, social, ambiental, político e outros, proporcionando mais de seis safras ao ano ao produtor avícola. Situação singular no agronegocio, em pequenas áreas de terra. A fórmula é perfeita: o produtor entra com know how e parte do investimento. A indústria fornece tecnologia e os animais ou sementes de alta genética. Essa modalidade de parceria vertical foi originada nos Estados Unidos em 1950, onde abrange hoje 100% da cadeia de frangos e suínos. No Brasil, chegou em 1960 e atende todo o sistema de avicultura e 60% do setor de suínos, sendo inviável a manutenção de mercados, especialmente externos, sem a padronização do sistema de integração, que estabelece normas de criação, manejo, segurança alimentar e tipos de ração.
Projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados pode promover uma grande mudança nas relações entre integrados e indústria, tendo como relator da subcomissão o deputado Valdir Colatto (PMDB/SC). Ele apresenta propostas de alternativas que dão mais garantias ao produtor, porém, é desconhecedor do sistema, apesar de ser eleito no Estado pioneiro desse sistema. Estabelecer um valor mínimo demonstra que o deputado não conhece os fatores de ganhos de produtividade que norteiam essa relação de parceria, na qual a indústria entra com uma parte maior nos investimentos, se fazendo uma partilha ao final, proporcionalmente, aos riscos de cada um, sendo que as duas partes obtêm margem de lucro condizente com sua participação. Se a intenção é fazer com que as relações produtor e indústria possam ser discutidas com transparência, da produção até a comercialização, sugiro que as empresas estabeleçam esse canal de comunicação. E ao projeto se incumbiria à criação de um fórum permanente de discussões em nível regional e federal para debater custos, questões de sanidade, ambientais e cláusulas dos contratos.
Reflexo em todo o País – A forma do contrato que está estabelecido hoje, caso se tenha problema sanitário na propriedade, é o País e a sociedade que levarão toda a pressão pelo caos social que isso pode gerar. E lembro que levem mais a sério a avicultura, já que essa atividade faz parte do agronegocio brasileiro, que teve um superávit na balança comercial de mais de três vezes o superávit brasileiro, sendo que a avicultura contribuiu em torno de 10% com esse movimento econômico e social no ano de 2010.
Finalizando, tenho percorrido municípios e me deparado com alguns fatos que relato: a integração proporciona uma inclusão social extremamente importante, gerando realmente uma parceria entre produtor, município e agroindústria. O produtor tem que ver a avicultura como mais uma receita a sua propriedade e saber fazer a relação de receita e despesas da atividade. O município, por sua vez, proporciona empregos e geração de renda com arrecadação de tributos da atividade, que contribui também na economia municipal com trabalhos diretos e indiretos. A agroindústria, por sua vez, proporciona pintainho, ração, assistência técnica e mercado, que é a sustentação do negócio. Não podemos querer matar a vaca ou a galinha – empresa – geradora de toda a cadeia anterior e sequente ao pós-venda dos produtos. Novo Itacolomi é um pequeno município no norte do Paraná, cujo seu prefeito é integrado. E um relato do integrado Edvaldo Michelin representa bem o que representa a integração num pequeno município; disse ele: “no ano de 2009 foram adquiridos 15 carros novos na cidade, sendo que 12 deles por integrados avícolas”.
Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.











