
Técnicos do governo federal que trabalham na elaboração do Plano Safra 2025/26 enfrentam dificuldades para definir o modelo ideal para o principal programa de crédito rural do país. A escalada dos juros e o aperto fiscal da União impõem desafios complexos para o financiamento da próxima safra.
Orçamento “quase estourado”:
O orçamento reservado para a equalização das taxas do crédito rural em 2025 já estaria “quase estourado”, segundo avaliações. A alta da Selic eleva os gastos com a subvenção, impactando negativamente as projeções iniciais. Para manter o mesmo patamar de juros e oferta de recursos equalizados, o governo precisará aumentar o orçamento para a subvenção, o que é dificultado pelo aperto fiscal.
Cálculos complexos:
A formulação do Plano Safra envolve diversos cálculos. Para evitar o aumento dos juros, o governo poderia reduzir o volume de recursos equalizados, o que impactaria negativamente a oferta de crédito para os produtores. Mesmo com essa medida, a ampliação do orçamento para a subvenção pode ser inevitável, dada a diferença entre os custos de captação dos bancos e a Selic, que pode ultrapassar 15% ainda este ano.
Crédito privado em destaque:
Diante desse cenário, o Ministério da Agricultura já sinalizou que o crédito privado terá um papel ainda mais importante no próximo Plano Safra. A pasta enviou um ofício a entidades do setor produtivo solicitando sugestões para a formulação do plano, com foco na ampliação da disponibilidade de recursos provenientes do mercado privado.
Desafios adicionais:
O governo também enfrenta desafios como a possível redução na disponibilidade de recursos de fontes controladas, como depósitos à vista e poupança, devido à alta da Selic. Alterações na política monetária podem contribuir para melhorar esse cenário.
Pressão política e fontes alternativas:
O mercado avalia que a demanda por crédito não deve crescer tanto no próximo ciclo, devido ao alívio nos custos de insumos e a uma possível desaceleração na expansão de área. No entanto, há pressão política para anunciar um Plano Safra com montante recorde, o que pode gerar dificuldades para o governo.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já apresentou ao presidente Lula a necessidade de encontrar novas fontes de financiamento sem onerar o Tesouro Nacional. A atenção se volta para a ampliação do acesso aos fundos constitucionais, ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e ao Fundo Social.
Queda no crédito rural:
De julho de 2024 a janeiro de 2025, o crédito rural concedido nas linhas tradicionais do Plano Safra foi quase 20% menor em comparação com o mesmo período da temporada anterior. Essa queda é parcialmente compensada pelo financiamento via Cédulas de Produto Rural (CPRs), que somaram R$ 243,77 bilhões no período.
Perspectivas:
O Plano Safra 2025/26 apresenta desafios significativos para o governo, que precisa encontrar soluções criativas para garantir o acesso ao crédito rural em meio à alta dos juros e ao aperto fiscal. A aposta no crédito privado e em fontes alternativas de financiamento é uma das estratégias em estudo, mas ainda é preciso definir o modelo ideal para o programa.











