
A China, por meio de seu embaixador em Washington, Xie Feng, defendeu a retomada da cooperação comercial com os Estados Unidos no setor de soja, destacando a relação de ganha-perde entre os dois países. Em um discurso no Conselho de Exportação de Soja dos EUA, Xie Feng observou que, no primeiro semestre de 2025, as exportações de soja americana para a China caíram 51% em relação ao ano anterior.
O embaixador atribuiu essa queda à escalada tarifária do presidente Donald Trump, sem mencioná-lo diretamente, e enfatizou que a agricultura é um “pilar das relações bilaterais” entre China e EUA, que são, respectivamente, os maiores importadores e exportadores de produtos agrícolas do mundo.
As declarações de Xie Feng surgem após a Associação Americana de Soja (ASA) enviar uma carta a Trump, em que a entidade agradece a sua postagem no Truth Social, instando a China a quadruplicar as importações de soja americana. No entanto, a ASA aponta que a China já contratou o Brasil para atender às suas necessidades nos próximos meses, e que as tarifas chinesas, em retaliação às de Trump, tornam a soja americana 20% mais cara que a sul-americana.
A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina já havia alertado sobre a necessidade de acompanhar de perto as negociações entre Trump e a China, pois ele “gosta de negociar e pode impor produtos agrícolas à China”.
As negociações entre Pequim e Washington se estendem a outros setores. A Boeing, por exemplo, estaria próxima de receber uma encomenda de 500 aviões de companhias aéreas chinesas, como parte de um acordo comercial mais amplo. A empresa americana, que foi afastada do mercado chinês após os acidentes com o modelo 737 Max em 2019, vendeu apenas 30 aviões no país nos últimos seis anos.
O Brasil é o maior fornecedor de soja para a China, com cerca de 70% das importações de soja chinesas. A guerra comercial de Trump, que prejudicou as vendas americanas de soja, sorgo e produtos suínos à China, criou uma oportunidade para o Brasil. Em maio, Luis Rua, do Ministério da Agricultura, afirmou que o Brasil busca exportar ainda mais produtos agrícolas para a China, como sorgo, carne suína e frango, e conquistar maior participação de mercado.
Referência: FOLHAPRESS











