
Os próximos meses prometem a chegada do fenômeno climático La Niña, o que já é motivo de preocupação para produtores rurais. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) indica uma probabilidade de 71% de confirmação do fenômeno, que pode começar a se formar em outubro e durar até fevereiro de 2026. A última ocorrência foi recente, entre dezembro de 2024 e abril de 2025.
O La Niña costuma causar seca no Sul do Brasil, chuvas acima da média no Norte e Nordeste, e instabilidade nas precipitações nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Segundo Gilvan Sampaio, meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem ser os mais afetados pela mudança no padrão de chuva. O pesquisador alerta que, embora ainda não seja possível confirmar uma nova seca, “haverá uma redução das chuvas, e os agricultores devem se preparar para minimizar as consequências”. No caso dos gaúchos, os efeitos podem ser piores, já que o setor ainda enfrenta os reflexos de problemas climáticos anteriores.
Mateus de Vargas, um pequeno produtor de soja em Jari, no oeste do Rio Grande do Sul, foi um dos prejudicados pela estiagem do verão na última safra, quando teve uma quebra de 75% na colheita. Ele afirma que “se der uma nova seca neste ano, com a quantidade de gente que tem contas renegociadas no campo, vai ser uma quebradeira total para quem planta soja”.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Rio Grande do Sul já estima uma leve redução da área de grãos na nova safra 2025/26, um reflexo do temor dos produtores da ocorrência de seca. A previsão é de uma queda de 0,5% na área semeada, para 8,47 milhões de hectares.










