
A assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, prevista para ocorrer na cúpula de Foz do Iguaçu, foi adiada para o início de 2026. A decisão decorre da falta de consenso entre os países europeus, com a Itália solicitando mais tempo para análise e a França mantendo forte oposição, apoiada por protestos de agricultores.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cancelou sua viagem ao Brasil, e o chanceler alemão, Friedrich Merz, projetou a finalização apenas para o próximo ano, visando construir uma “maioria qualificada” no bloco.
O adiamento gerou apreensão na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da entidade, alerta que o cenário é “nebuloso” e teme que o atraso abra espaço para desequilíbrios no texto original de 2019.
A preocupação central é a imposição de medidas unilaterais, como a Lei Antidesmatamento (EUDR) e novas cláusulas de salvaguarda, que poderiam barrar produtos brasileiros (carnes e açúcar) sob a justificativa de reciprocidade ambiental, sem que isso esteja explícito no acordo comercial.
Enquanto o governo brasileiro tenta manter o diálogo — com o ministro Fernando Haddad reforçando o peso geopolítico do tratado e o ministro Carlos Fávaro disposto a negociar salvaguardas —, a divisão na Europa se aprofunda.
De um lado, a Alemanha e a indústria automobilística pressionam pela abertura de mercado; do outro, França, Itália e Polônia bloqueiam o avanço para proteger seus produtores rurais. Para a CNA, o pior cenário seria a reabertura completa do texto, o que poderia inviabilizar os ganhos de acesso ao mercado europeu.
Referência: Agro Estadão












