
O ano de 2025 no mercado global da soja foi marcado, sobretudo, pela geopolítica. Embora a produção tenha sido robusta, com colheitas expressivas nos Estados Unidos, Argentina e um recorde histórico de 171,8 milhões de toneladas no Brasil, foram as tensões comerciais entre Washington e Pequim que ditaram a dinâmica dos preços.
A intensificação da “guerra comercial” levou a China a reduzir drasticamente as compras de soja norte-americana a partir de maio, redirecionando a sua procura massiva para o grão brasileiro.
Este cenário geopolítico contrariou as expectativas iniciais de queda de preços devido à superoferta. O Brasil consolidou-se como o fornecedor preferencial do gigante asiático, exportando volumes recordes (entre 108 e 109 milhões de toneladas) e mantendo os prémios de exportação elevados.
Isso sustentou as cotações no mercado físico brasileiro, mesmo com margens apertadas para a indústria doméstica. Na Bolsa de Chicago, contudo, o mercado operou lateralizado (entre 9,50 e 11,50 dólares por bushel), refletindo a fraca procura pelo produto dos EUA, o que inclusive motivou uma migração de área de plantio para o milho na safra norte-americana 2025/26.
Para 2026, a incerteza permanece no horizonte. Acordos recentes sugerem que a China poderá comprometer-se a comprar volumes significativos dos EUA (cerca de 25 milhões de toneladas anuais), o que, a concretizar-se, retiraria a pressão compradora sobre o Brasil.
Com a previsão de uma nova safra recorde brasileira de 178,7 milhões de toneladas, especialistas alertam que, se o fluxo comercial entre as potências se normalizar, o produtor brasileiro poderá não contar com a mesma agressividade na procura externa, exigindo maior disciplina comercial e estratégias de proteção (hedge) mais ativas.
Referência: The Agribiz












