
A indústria de alimentação animal na França vive um momento de retomada cautelosa. Segundo dados da SNIA (associação nacional do setor), a produção de rações registrou um crescimento de 0,9% no ciclo 2024/25, totalizando cerca de 19,5 milhões de toneladas. A projeção para a temporada 2025/26 é otimista, estimando alcançar a marca de 20 milhões de toneladas. No entanto, essa trajetória ascendente é fragilizada por um cenário desafiador que combina uma onda persistente de enfermidades no rebanho nacional e incertezas econômicas ligadas ao fornecimento de matérias-primas.
O panorama sanitário francês impõe barreiras significativas ao pleno potencial do setor. Embora a avicultura mostre resiliência após surtos anteriores, o segmento de ruminantes enfrenta uma pressão viral intensa. Desde junho de 2025, foram notificados mais de 6.500 casos de Língua Azul (sorotipo 3), somados à circulação da Doença Hemorrágica Epizoótica (EHD) e à recente chegada da Dermatite Nodular Contagiosa (DNC), que já contabiliza mais de 100 casos. Apesar dessas adversidades, o consumo de rações reagiu de forma heterogênea entre as espécies:
- Aves: Lideraram a recuperação com alta de 1,2% (8,1 milhões de toneladas), impulsionadas pela demanda por frango, ovos e pela retomada da cadeia de patos.
- Bovinos: A produção de ração cresceu 1,8%, chegando a 5,5 milhões de toneladas, com foco nas propriedades leiteiras.
- Suínos: O setor apresentou sinais de estabilização, com uma leve queda de 0,42% (4,2 milhões de toneladas), estancando as retrações severas de anos anteriores.
- Ovinos/Caprinos: Alta de 1,73%, atingindo 760.000 toneladas.
Além do desafio biológico, a indústria de nutrição francesa monitora com preocupação a volatilidade dos custos de produção. O preço do farelo de soja disparou desde outubro de 2025. A SNIA alerta que, para 2026, o abastecimento dessa commodity enfrenta incertezas não apenas pelas oscilações de mercado, mas também pela complexidade na implementação das novas normas europeias antidesmatamento (EUDR), o que pode comprometer a competitividade dos produtores locais frente às importações.
Referência: Pig Progress











