
A suinocultura alemã vive um momento de inflexão histórica. Pressionado por surtos de Peste Suína Africana (PSA), impactos da Covid-19, aumento de custos e uma nova legislação de bem-estar animal que entra em vigor em 2026, o setor debate intensamente a transição para um modelo de integração vertical. A análise do especialista de mercado Dr. Albert Hortmann-Scholten aponta que, embora o país ainda esteja longe do nível de integração da avicultura (acima de 95%), as “estruturas preliminares” desse sistema já são uma realidade crescente como resposta à crise de competitividade.
O cenário é de retração: dos 250.000 agricultores alemães, apenas 15.000 ainda criam porcos, e menos de 5.000 possuem matrizes. A pressão econômica e a perda de mercados cruciais como a China aceleraram a necessidade de planejamento e segurança. Nesse contexto, a integração vertical surge como uma alavanca para reduzir custos, coordenar a cadeia de valor e atender às exigências de rastreabilidade e padronização impostas pelo varejo e pelos consumidores. Atualmente, estima-se que entre 60% e 70% dos suínos no país já estejam sob contratos fixos de fornecimento, com grandes players como a Westfleisch operando com mais de 70% de animais contratados.
Uma tendência emergente são os “contratos triangulares”, que envolvem produtor, frigorífico e varejista. O objetivo é uma cooperação transparente onde o varejo também assume responsabilidade econômica, como no acordo recente entre o Grupo Rewe, Tönnies e agricultores de Schleswig-Holstein. Contudo, Hortmann-Scholten adverte que a integração não é uma “solução mágica”. Embora traga eficiência e estabilidade, a vulnerabilidade do produtor e seu limitado poder de negociação ainda dificultam o repasse integral dos custos de produção, mantendo a dúvida se a verticalização será suficiente para reverter a baixa rentabilidade histórica do setor.
Referência: Pig Progress












