
O avanço da resistência bacteriana a medicamentos é um desafio global de saúde única, e o setor brasileiro de proteína animal tem intensificado suas ações para enfrentar essa questão. Liderada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), uma nova campanha nacional busca consolidar o conceito de uso consciente de antimicrobianos, visando preservar a eficácia desses medicamentos essenciais para a sanidade na avicultura e suinocultura.
A diretora técnica da ABPA, Sula Alves, enfatiza a necessidade de um “uso prudente”. Embora o emprego terapêutico para tratar animais doentes seja indispensável ao bem-estar animal, o uso indiscriminado pode acelerar o processo natural de resistência das bactérias. “É importante usar de maneira prudente na produção animal e até quando se fala em medicina humana”, destaca Alves, reforçando a responsabilidade compartilhada entre todos os elos da cadeia.
Estratégias de Prevenção como Pilar Central
Antes de tratar, a prioridade da indústria é prevenir. Segundo pesquisadores da Embrapa Aves e Suínos, a biosseguridade é a principal ferramenta, com medidas rigorosas que impedem a entrada de patógenos nas granjas. Além disso, o setor investe em:
- Vacinação: Programas customizados conforme as doenças prevalentes em cada região do país, evitando a aplicação desnecessária de imunizantes.
- Aditivos Nutricionais: Uso de probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e fitogênicos que promovem a saúde intestinal e o desempenho produtivo, diminuindo a necessidade de antibióticos.
Uso Criterioso e a Garantia de Segurança Alimentar
Quando o uso de antimicrobianos é inevitável — seja de forma terapêutica (para tratar doentes), metafilática (tratar um lote com alguns doentes) ou profilática (prevenir risco iminente) —, ele ocorre sob estrita supervisão veterinária. Práticas como o uso de antibióticos como melhoradores de desempenho, embora visem otimizar a produtividade, são vistas com cautela pelo risco de estimular a resistência. Para todos os casos, a segurança do consumidor é assegurada pelo “período de carência”, uma janela obrigatória entre a última aplicação do medicamento e o abate do animal, que garante alimentos livres de resíduos.
Para sistematizar essas ações, a campanha da ABPA se estrutura em quatro pilares: conscientização sobre os riscos; prevenção por meio de boas práticas; educação contínua de técnicos e produtores; e valorização de iniciativas inovadoras. Essas diretrizes estão alinhadas ao conceito de “Uma Só Saúde” (One Health) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, posicionando o Brasil como um protagonista na produção segura e sustentável de carnes.
Referência: Agro Estadão











