
O Brasil é um dos países mais interessados em mitigar os efeitos do aquecimento global e, ao mesmo tempo, é o que possui maior capacidade de prover soluções climáticas para o mundo. A afirmação foi feita por Marcelo Behar, enviado especial para a Bioeconomia da COP30, em palestra integrante da sexta edição dos Diálogos pelo Clima, circuito de debates técnico-científicos promovido pela Embrapa em preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
O evento ocorreu nesta terça-feira (16), em Fortaleza, Ceará, dentro da 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, com a presença do coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Sérgio Xavier, que apresentou os paradigmas do DES envolvimento (não inclui as pessoas) versus BIO envolvimento (parte delas como centro de todas as esferas). Para ele, a solução passa pela criação de um modelo econômico para os biomas, onde a economia se encaixa nos ciclos biogeoquímicos naturais.
A diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa, Ana Euler, destacou que a chave para o sucesso reside na colaboração e em uma agenda de multilateralismo. Ela defendeu que a “soberania alimentar e climática” deve nortear as discussões e citou como exemplo prático as soluções desenvolvidas pela Embrapa para a Caatinga.
Antônio Rocha Magalhães, presidente da Conferência Internacional, ressaltou a importância de eventos como esse para dar voz às “terras secas”, que historicamente possuem menor protagonismo. Segundo ele, as regiões semiáridas precisam ser levadas em consideração nas propostas e nos acordos internacionais elaborados durante a COP.
A diretora Sônia da Costa, da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes), do MCTI, ecoou a ideia de uma construção coletiva, destacando a importância da sociedade civil e dos movimentos sociais por meio da transferência da tecnologia e de sua incorporação pelos povos resilientes.
Marcelo Behar elencou três objetivos para a bioeconomia na COP30:
- Agricultura regenerativa: reverter a perda de natureza e biodiversidade, ampliar o uso da biodiversidade dos sistemas alimentares e recuperar terras degradadas.
- Socioeconomia: garantir a ampliação de projetos e recursos para comunidades tradicionais e povos indígenas e estruturar o uso de bioinsumos das cadeias da sociobiodiversidade para que possam alcançar mercados globais.
- Biotecnologia: ampliar o investimento em biocombustíveis, alavancando as cadeias de Sustainable Aviation Fuel (SAF) e de bio-bunker (frete marítimo).
A programação da manhã incluiu uma mesa-redonda sobre os desafios da mudança do clima para o bioma Caatinga, com a participação de diversos especialistas e representantes de instituições.