
Na edição nº 929 da revista Avicultura Industrial, publicada em 1987, um artigo já destacava o potencial revolucionário da espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) para a análise de rações na avicultura e suinocultura. Fruto de mais de duas décadas de pesquisa à época, o texto abordava como essa tecnologia emergente se consolidava como uma ferramenta analítica rápida, precisa e não destrutiva — capaz de transformar os métodos tradicionais de controle de qualidade nas fábricas de ração e nas granjas. Desde então, a NIR evoluiu, mas sua relevância técnica e estratégica, anunciada há quase quatro décadas, continua mais atual do que nunca.
Texto na íntegra:
Tecnologia NIR revoluciona a análise de rações na avicultura e suinocultura
A espectroscopia no infravermelho próximo (NIR, na sigla em inglês) tem ganhado destaque como uma ferramenta analítica de alta precisão na avicultura e suinocultura. Após mais de duas décadas de pesquisa, essa tecnologia consolidou-se como um método rápido e não destrutivo para determinar a composição de ingredientes e rações, oferecendo informações valiosas sobre os principais nutrientes, como proteínas, fibras, amido e umidade.
A análise por NIR utiliza radiação eletromagnética com comprimentos de onda entre 700 e 3.000 nanômetros, sendo mais comum a aplicação entre 1.100 e 2.500 nm para análises por reflectância. A radiação é absorvida por grupos funcionais presentes nos compostos orgânicos — como CH, OH e NH — e essa absorção permite determinar, com base na intensidade da luz refletida, a concentração de cada nutriente.
Entre as principais vantagens da tecnologia destacam-se a velocidade e simplicidade da preparação das amostras: basta moer o material e seguir procedimentos operacionais padronizados. Os resultados podem ser obtidos em apenas dois ou três minutos, mesmo por operadores com treinamento básico. Isso representa uma importante economia de tempo nos processos de controle de qualidade de fábricas de ração e granjas.
Contudo, a NIR exige equipamentos sensíveis e de alta precisão, pois as diferenças de reflectância entre as amostras são sutis. A calibração dos equipamentos é complexa, cara e depende de um banco robusto de amostras com análises químicas de referência. Além disso, a tecnologia ainda apresenta limitações na detecção de nutrientes secundários.
Existem atualmente três principais tipos de instrumentos NIR disponíveis: os monocromadores com varredura (“scanning”), os sistemas com filtros de varredura, e os instrumentos com filtros fixos ou segmentados. Os monocromadores “scanning”, em especial, têm ampla utilização em laboratórios de pesquisa e controle de qualidade por cobrirem a faixa total de 1.100 a 2.500 nm, com alta flexibilidade e precisão no processamento de dados.
Apesar das desvantagens associadas ao custo e à calibração, a espectroscopia NIR vem sendo cada vez mais adotada no setor agroindustrial por sua capacidade de fornecer análises rápidas e confiáveis, contribuindo diretamente para a eficiência nutricional das dietas e a sustentabilidade produtiva na avicultura e suinocultura.