
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem sido alvo de uma crescente onda de desafios legais e políticos em sua tentativa de reverter políticas voltadas ao meio ambiente, saúde pública, governança e diversidade. Em nome da agenda “América em Primeiro Lugar”, a gestão busca desmantelar compromissos com temas como ação climática, energia limpa, justiça tributária internacional e direitos sociais, provocando reações intensas de estados, cidades e instituições jurídicas.
Retrocesso na ação climática e governança global
Documentos internos revelam que os EUA, sob Trump, se opõem a reformas do sistema financeiro global voltadas ao apoio de países em desenvolvimento. Entre os trechos que Washington tenta suprimir de acordos multilaterais estão referências à sustentabilidade, igualdade de gênero e ação climática. A Casa Branca também quer eliminar compromissos sobre justiça tributária — como o pagamento de impostos no local da atividade econômica — e o fim de subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis.
Essas posições isolam os Estados Unidos de consensos globais para enfrentar crises estruturais, como o aquecimento global e as desigualdades econômicas.
Energia limpa sob ataque
Uma coalizão formada por 17 procuradores-gerais democratas e o Distrito de Columbia processou o governo Trump após a suspensão de novos projetos de energia eólica. O processo alega que a medida foi tomada sem justificativas técnicas adequadas, violando normas administrativas federais.
“Este governo está devastando uma das fontes de energia limpa mais promissoras do país”, afirmou Letitia James, procuradora-geral de Nova York. A Casa Branca rebateu, acusando os estados democratas de tentar barrar o avanço da agenda energética do presidente por vias judiciais.
Congestionamento urbano e embate com Nova York
Outro embate jurídico ocorre entre a administração Trump e a cidade de Nova York, que quer impedir o fim do programa de pedágio urbano de Manhattan. A prefeitura afirma que o sistema reduziu o tráfego em até 13% nos primeiros meses de 2025 e teme retrocessos ambientais e de mobilidade caso a medida seja anulada.
Reestruturação do Departamento de Saúde
Procuradores-gerais de 19 estados e o Distrito de Columbia moveram ação contra a decisão do governo federal de demitir 10 mil funcionários do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) e fechar agências inteiras. Segundo os estados, a reestruturação comprometeu o funcionamento de laboratórios e programas de saúde pública, sendo executada sem aval do Congresso — o que violaria a Constituição.
A iniciativa faz parte de um plano de corte de gastos liderado por Elon Musk, aliado bilionário de Trump à frente do chamado Departamento de Eficiência Governamental.
Pressões e ameaças ao Judiciário
Desde a volta de Trump à Casa Branca, ao menos 60 decisões judiciais contestaram políticas de seu governo. Em resposta, juízes e suas famílias têm sido alvos de campanhas de intimidação nas redes sociais. A Reuters identificou mais de 600 postagens com ameaças desde fevereiro. Juízes relataram preocupação com a segurança de seus parentes, em um cenário que levanta alertas sobre ataques à independência judicial.
“As ameaças aos juízes e suas famílias são, em última instância, ameaças ao governo constitucional”, declarou o juiz Richard Sullivan, que preside o comitê de segurança do Judiciário federal.