
Pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, estão redefinindo a seleção genética na suinocultura ao focar na resiliência animal em condições reais de produção, indo além da simples identificação de genes isolados. A iniciativa, liderada pelo Dr. Michael Dyck e financiada por entidades como PigGen Canada e Genome Alberta, busca criar um plantel suíno com maior resistência a um complexo de doenças que desafiam as granjas comercialmente.
O núcleo da pesquisa é o “Modelo de Desafio de Doença Natural” (NDCM), descrito pelo Dr. Dyck como uma “estrutura de pesquisa inovadora”. Em vez de focar em um único patógeno em ambiente laboratorial, o NDCM expõe os suínos em um ambiente comercial aos múltiplos patógenos que ocorrem simultaneamente em uma granja, como o vírus da PRRS (Síndrome Reprodutiva e Respiratória Suína), Influenza A, Mycoplasma hyopneumoniae e Streptococcus suis.
A abordagem se justifica porque a seleção baseada apenas em genes específicos (como os de resistência à PRRS) provou-se insuficiente. A expressão gênica pode ser alterada pelo ambiente e pela interação negativa com outros genes. O NDCM, ao contrário, permite identificar marcadores genômicos em animais que comprovadamente tiveram bom desempenho e resiliência diante de um desafio multifatorial real. Ao longo de oito anos, o projeto já analisou o genoma de mais de 4.000 suínos.
Para organizar o vasto volume de dados de sequenciamento, a equipe criou o “PigDB” (Banco de Dados de Suínos). Esta plataforma permite que os membros da PigGen Canada (uma organização composta por empresas de criação de suínos) cruzem informações e obtenham insights complexos sobre melhoramento genético, ao mesmo tempo em que protege a privacidade dos dados individuais de cada empresa. O banco de dados já atrai o interesse de pesquisadores europeus.
Paralelamente, a Genome Alberta também financia outra iniciativa de segurança sanitária focada na genética. O projeto visa sequenciar o DNA de populações de javalis (suínos selvagens invasores) para entender sua suscetibilidade à Peste Suína Africana (PSA). Este conhecimento é vital para criar estratégias de resposta caso a PSA chegue à América do Norte, identificando quais genótipos selvagens podem ser mais ou menos resistentes à doença.











