
Diante da ameaça global da Peste Suína Africana (PSA), que já causou prejuízos massivos à suinocultura mundial, a ciência corre contra o tempo. O Instituto Pirbright, no Reino Unido, desponta como um dos centros de excelência na corrida por imunizantes eficazes e seguros. Liderado pelo Dr. Chris Netherton, o grupo de pesquisa em vacinologia da instituição trabalha para decifrar o complexo vírus de DNA (ASFV) e desenvolver soluções que protejam não apenas os rebanhos, mas também a segurança alimentar global e as economias dependentes da produção suína.
Atualmente, o instituto possui entre quatro e cinco candidatos vacinais em desenvolvimento, focados em diferentes genótipos do vírus prevalentes na África, Europa e Ásia. A estratégia abrange duas frentes principais:
- Vacinas de Vírus Vivo Modificado: Seguem o conceito de imunizantes já em uso no Vietnã, mas com modificações genéticas (múltiplas deleções) para aumentar a segurança e permitir a diferenciação entre animais vacinados e infectados (DIVA), crucial para o comércio internacional.
- Vacinas de Subunidade: Uma abordagem inovadora testada recentemente em parceria com a Universidade de Plymouth, que utiliza o vírus da herpes bovina 4 como vetor para entregar múltiplas proteínas do ASFV. Essa tecnologia promete gerar imunidade de mucosa (barreira de entrada) e tem potencial para viabilidade comercial em larga escala.
O Dr. Netherton destaca que, embora vacinas como a vietnamita da AVAC já estejam em uso na Ásia, a falta de dados de campo robustos e a emergência de variantes recombinantes híbridas virulentas mantêm o alerta ligado. “Ainda não compreendemos completamente a resposta imune protetora contra o vírus […] o que dificulta o desenvolvimento de vacinas seguras”, ponderou o pesquisador.
Para o futuro, a erradicação do vírus em javalis na Europa e a proteção de mercados como o do Reino Unido dependerão de uma estratégia integrada. Vacinas eficazes e seguras, compatíveis com protocolos DIVA, serão peças-chave, mas precisarão ser acompanhadas de um marco regulatório internacional que defina como o comércio de produtos suínos ocorrerá entre países vacinadores e não vacinadores. Enquanto a solução definitiva não chega, a biosseguridade, a quarentena e o abate sanitário permanecem como as linhas de defesa primárias.
Referência: Pig World












