
Um pico inesperado de surtos de gripe suína atingiu as fazendas de suínos francesas, com 661 casos relatados no primeiro ano após o surgimento do genótipo H1N2#E — acima da média de 400. De acordo com pesquisadores da ANSES, o novo vírus, provavelmente originário da Dinamarca, se espalhou rapidamente após escapar da imunidade adquirida com infecções e vacinas anteriores.
Em 2020, um novo genótipo do vírus da gripe suína H1N2#E surgiu na França e rapidamente substituiu certas cepas anteriores. Detectado pela primeira vez na Bretanha, o vírus se espalhou rapidamente por toda a França continental. Cientistas do Laboratório Ploufragan-Plouzané-Niort da ANSES, a Agência Francesa de Saúde e Segurança Alimentar, Ambiental e Ocupacional, conduziram um estudo para entender como essa rápida mudança poderia ter ocorrido.
Evasão da imunidade pré-existente
“Percebemos esse novo genótipo porque ele estava associado a um aumento de surtos e casos graves de gripe em suínos, caracterizados por febre alta, problemas respiratórios, tosse e também abortos em porcas”, explica Gaëlle Simon, chefe da Unidade de Imunologia e Virologia Suína.
Para entender melhor esse rápido surgimento, cientistas da ANSES analisaram amostras coletadas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022. Essa análise confirmou que elas eram genética e antigenicamente diferentes daquelas previamente presentes na França. “Essa diferença significava que elas eram capazes de escapar da imunidade preexistente dos suínos, resultante de infecções anteriores ou vacinação”, explica o pesquisador.
Originário da Dinamarca
A comparação com outros vírus da gripe suína conhecidos mostrou que esse genótipo provavelmente se originou na Dinamarca. Provavelmente chegou à França por meio da importação de animais infectados, seja diretamente ou por meio de outros países europeus.
O surgimento de uma nova variante também pode aumentar o risco de transmissão para outras espécies animais e para humanos, alerta Anses. “O vírus H1N2#E causou vários surtos de infecção em granjas de perus desde 2020 e foi responsável por um caso humano grave de gripe suína em 2021. A exposição humana aos vírus da gripe suína aumenta o risco de rearranjo com um vírus da gripe humana, o que pode levar ao surgimento de um vírus mais bem adaptado aos humanos. Como os porcos também são suscetíveis aos vírus da gripe humana e aviária, esses animais podem acabar sendo recipientes de mistura para vírus. A última pandemia de gripe, ocorrida em 2009, foi causada por um vírus da gripe suína”, destaca o cientista.
Necessidade de biossegurança rigorosa
A introdução deste vírus reforça a necessidade de uma biossegurança rigorosa em todas as granjas de suínos, enfatiza a ANSES. Isso inclui a quarentena de todos os novos animais que chegam à granja, bem como a vigilância de todos os animais em busca de sinais de infecção por gripe suína. A organização acrescenta que, até o momento, a notificação de tais infecções não é obrigatória na França.
Fonte: Pig Progress











