
A decisão da consultoria StoneX de ajustar sua projeção para a colheita de soja do ciclo 2025/26 no Brasil para 177,2 milhões de toneladas, uma redução de 0,9% em relação ao dado divulgado em novembro, é significativa para o mercado, especialmente por ocorrer em um contexto de atraso na semeadura e incertezas climáticas.
Embora o número de 177,2 milhões de toneladas ainda represente uma safra recorde para o Brasil (a estimativa da Conab em novembro era de 177,6 milhões de toneladas), qualquer redução no volume projetado tem implicações imediatas:
- Sinalização de Risco: A revisão para baixo da StoneX serve como um sinal de alerta para o mercado global. Indica que os problemas climáticos iniciais no Brasil (distribuição irregular das chuvas no Centro-Oeste e Matopiba, e excesso no Sul) não foram totalmente mitigados. Isso introduz um prêmio de risco nos preços futuros, pois o mercado passa a descontar a possibilidade de perdas adicionais caso o clima não se normalize totalmente em dezembro e janeiro.
- Sustentação dos Preços em Chicago: No curto prazo, a incerteza em relação ao volume brasileiro ajuda a sustentar os preços da soja na Bolsa de Chicago (CBOT). Conforme o texto anterior indicou, a falta de compras da China já pressionava a CBOT para baixo. A redução na projeção brasileira age como um contrapeso, impedindo quedas mais acentuadas e dando suporte aos traders que apostam na menor oferta sul-americana.
- Relevância para a Paridade de Exportação: Um volume ligeiramente menor, se confirmado, tenderia a elevar o preço interno da soja no Brasil, impactando a paridade de exportação. Embora o Brasil tenha um volume recorde de estoques, a disputa pela soja remanescente da safra anterior e a pressão sobre a soja nova se intensificam com qualquer indicação de perda na safra.
- Posicionamento dos Fundos de Investimento: As grandes casas de consultoria, como a StoneX, são referência para os fundos de investimento e traders. Uma redução formal, mesmo que pequena, pode levar esses fundos a reajustarem suas posições líquidas (compradas ou vendidas) em contratos futuros na CBOT e na Bolsa Brasileira (B3), adicionando volatilidade ao mercado.
Em suma, a redução de 0,9% na estimativa da StoneX, embora não seja um desastre produtivo, confirma a percepção de que o potencial máximo de produtividade da safra 2025/26 foi comprometido pelo clima. O mercado agora aguardará a consolidação das chuvas em dezembro no Centro-Oeste para reavaliar se a safra recorde brasileira será mantida ou se haverá cortes mais severos nas próximas projeções.











