
A potencial fusão entre a brasileira Kepler Weber e a americana GSI, controlada pelo fundo American Industrial Partners (AIP), pode dar origem a uma multinacional de armazenagem de grãos sem paralelo no Brasil. A Kepler, líder nacional com 35% do mercado, fechou exclusividade com a GSI (terceira colocada, com 7%) para negociar uma combinação de negócios. Essa união criaria um grupo com cerca de 42% de market share no país, fortalecendo a presença e a capacidade de atuação no mercado brasileiro, que é um dos únicos no mundo com forte crescimento no setor.
A operação é vista como um “atalho para a liderança” e reforça o interesse da GSI em dominar o mercado brasileiro. A GSI, vendida pela AGCO em 2024 por US$ 700 milhões, tem adotado estratégias agressivas para ampliar sua fatia no Brasil, mirando em dobrar sua participação em cinco anos. A combinação é vista como estratégica, dada a combinação da força nacional da Kepler com a experiência global da GSI, cujo faturamento atingiu US$ 1 bilhão em 2023.
Déficit Estrutural e Oportunidade de Mercado
O Brasil enfrenta um déficit estrutural de armazenagem de grãos, com capacidade estática equivalente a apenas 70% da produção anual, em contraste com mais de 100% nos Estados Unidos. A produção brasileira de grãos tem crescido mais rápido (6% ao ano entre 2016 e 2024) do que a capacidade de armazenagem (2,5%). A Cogo Inteligência em Agronegócio projeta que essa relação pode cair para 55% até 2033, abrindo uma lacuna significativa que a nova companhia estaria bem posicionada para preencher. Analistas do Citi ressaltam que a combinação criaria um grupo com alcance quase onipresente, capaz de participar de praticamente todas as negociações de silos agrícolas do país.
Cenário para a Kepler Weber e Possível OPA
A Kepler, hoje avaliada em R$ 1,64 bilhão, negocia a um múltiplo de 6 vezes o Ebitda estimado para 2026, considerado abaixo dos patamares históricos do setor. O Citi avalia que, como a GSI é controlada por um fundo de private equity, é pouco provável que a Kepler permaneça na bolsa após a transação, o que abre caminho para uma eventual Oferta Pública de Aquisição (OPA) e um fechamento de capital. A base acionária da Kepler, hoje pulverizada, com a Trígono Capital sendo a maior acionista (15,3%), facilitaria o avanço das negociações.
Referência: Invest news











