
O controlador da MBRF (grupo que inclui Sadia, Perdigão e Marfrig), Marcos Molina, avalia que o chamado “efeito Ozempic” — impulsionado por medicamentos análogos de GLP-1, como Ozempic e Mounjaro — já está causando uma profunda transformação no padrão de consumo brasileiro e influenciando as teses de investimento de grandes fundos internacionais.
Em conversa com jornalistas, Molina afirmou que o setor de proteína animal está experimentando um crescimento, enquanto produtos ricos em carboidratos e açúcar registram uma queda expressiva nas vendas.
Mudança no Varejo Brasileiro
O empresário classificou o momento como o “Natal da proteína”, citando relatos de varejistas que observam o impacto direto dos medicamentos no comportamento de compra.
Dados da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) confirmam a tendência:
- Cesta de Proteína Animal: Registrou alta de 16,6% nas vendas em valor na semana de 3 a 9 de novembro, em comparação com o ano anterior.
- Carboidratos/Açúcar: No mesmo período, as vendas de arroz, feijão e açúcar despencaram 18,2%.
Novo Fluxo de Capital em Nova York
O movimento de repriorização do consumo não se restringe ao varejo. Molina, após participar de um evento com gestores em Nova York, relatou uma mudança de estratégia em fundos de investimento americanos:
“Pela primeira vez ouvimos que os fundos estão tirando dinheiro de empresas de snacks e colocando em proteína.”
Essa reorientação do capital está impulsionando a “Ozempic economy”.
Reposicionamento da Indústria
A indústria alimentícia já vinha se antecipando a essa tendência. Empresas como Danone, JBS e a própria MBRF estão reposicionando seus portfólios para atender a um consumidor que busca comer menos, mas exige mais valor nutricional.
Isso se traduz no lançamento de produtos como:
- Refeições proteicas.
- Iogurtes enriquecidos.
- Produtos específicos para usuários de análogos de GLP-1, que buscam manter a massa magra.
Para Molina, a tendência de priorização da massa magra e o foco no valor nutricional devem se intensificar em 2026 com a consolidação do uso dos medicamentos para emagrecimento.
Referência: Invest News/ UOL











