
A produção avícola na Polônia, que recentemente iniciava sua recuperação de devastadores surtos de gripe aviária, foi severamente atingida por uma série de surtos da doença de Newcastle, resultando em uma rápida deterioração da situação veterinária no país.
Dois novos surtos da doença, registrados no final de maio, levaram ao abate de quase 1,5 milhão de aves, de acordo com estimativas do serviço veterinário polonês. Destaca-se um foco em uma granja industrial na província de Mazóvia, que resultou no abate de 1,35 milhão de galinhas, sendo oficialmente reconhecido como o maior surto do ano. Desde o início de 2025, a Polônia já contabilizou 30 surtos de Newcastle, com o total de perdas chegando a 3,5 milhões de aves.
Impacto na Indústria e no Consumidor
Avicultores e processadores relatam perdas significativas. Wojciech Ściana, vice-presidente da Wipasz, uma importante fabricante de aves, mencionou que a cadeia de suprimentos de sua empresa foi interrompida após a descoberta do primeiro surto na província de Podlaskie. Além das paralisações na produção, os surtos também geram problemas do lado do consumidor. “O maior problema é a perda de confiança do cliente — isso faz com que toda a cadeia de suprimentos desmorone”, afirmou Ściana.
Excesso de Capacidade e Competitividade
Os recentes surtos de gripe aviária e doença de Newcastle também expuseram um problema de longa data: o excesso de capacidade no segmento de abate e processamento de aves na Polônia. Ściana explicou que, nos últimos anos, a capacidade de processamento cresceu mais do que a oferta de frangos de corte, levando a um desequilíbrio no setor. Quando uma doença como Newcastle atinge, resultando em limitações na disponibilidade de aves, o problema se agrava, levando a longos períodos de inatividade que prejudicam a lucratividade das empresas e minam sua capacidade de investir. “A competitividade é o nosso maior desafio hoje, pois vem se enfraquecendo nos últimos 5 ou 6 anos”, admitiu Ściana, indicando que o objetivo principal da Wipasz é apenas se manter ativa.
Ameaça do Acordo Mercosul-UE
Para agravar o cenário, os avicultores poloneses temem que a assinatura do acordo Mercosul, um tratado comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul, represente um novo e duro golpe para o setor. A expectativa é que o acordo aumente a concorrência dos produtores de aves sul-americanos, o que pode levar a uma redução ainda maior da participação de mercado dos avicultores poloneses. Ściana acredita que a Polônia, como principal exportadora no mercado europeu, será a mais afetada. O país defende veementemente que, para ter acesso ao mercado avícola europeu, os importadores devem aderir aos mesmos altos padrões dos agricultores europeus.
Referência: Poultry World