
A gigante do setor de alimentos Campbell’s Soup Company enfrenta uma crise de imagem e uma investigação após declarações controversas atribuídas a um de seus ex-diretores. Martin Bally, antigo vice-presidente de TI, teria afirmado em uma gravação que os produtos da companhia contêm “carne bioengenheirada” e que ele se recusaria a comer “frango que veio de uma impressora 3D”. O caso, que veio à tona através de um processo trabalhista, atraiu a atenção imediata da Procuradoria-Geral da Flórida, acionando os rigorosos mecanismos de controle do estado contra proteínas alternativas.
As alegações constam em uma ação movida por Robert Garza, ex-funcionário que afirma ter sido demitido em represália após denunciar a conduta de Bally. Além das afirmações sobre a origem da proteína, o processo relata que o executivo teria feito comentários racistas e classificado os alimentos da marca como produtos destinados a “pessoas pobres”. A Campbell’s reagiu classificando as falas como “patentemente absurdas” e “completamente falsas”. A empresa esclareceu que a menção a “ingredientes bioengenheirados” em seus rótulos refere-se estritamente a culturas vegetais, como milho, soja e canola, e nunca à proteína animal.
Defesa da Cadeia Produtiva e Legislação Restritiva
Para reforçar a transparência, a Amick Farms, principal fornecedora de carne de aves para a Campbell’s, emitiu um comunicado oficial. A produtora garantiu que a matéria-prima utilizada provém de aves reais, criadas em fazendas familiares sob contratos regulares e livres de antibióticos, cumprindo todas as diretrizes do USDA. “Essa carne de frango não é geneticamente modificada nem criada por meio de impressão 3D”, enfatizou a fornecedora. Martin Bally foi afastado durante a investigação interna e não integra mais o quadro da companhia.
O incidente, no entanto, ganhou contornos políticos devido à legislação específica da Flórida. O Procurador-Geral James Uthmeier anunciou que a Divisão de Proteção ao Consumidor investigará o caso com rigor. O estado possui a lei SB 1084, sancionada em 2024 pelo governador Ron DeSantis, que proíbe expressamente a fabricação, venda ou distribuição de carne cultivada em laboratório, tipificando a infração como contravenção de segundo grau. A Flórida integra um grupo de estados, incluindo Texas, Nebraska e Alabama, que impuseram barreiras legais à carne cultivada, produto que, embora aprovado federalmente, ainda se restringe a nichos de alta gastronomia e não chegou ao varejo massivo.
Referência: Watt Poultry












