
A Rússia consolidou uma posição estratégica no mercado chinês de proteína animal, alcançando uma participação recorde de 18% nas importações de aves da China nos primeiros sete meses de 2025. O volume representa um salto significativo em relação aos 14% registrados em 2024, posicionando os russos como o segundo maior fornecedor do setor avícola para o gigante asiático, num movimento que altera os fluxos de comércio globais.
O crescimento é confirmado pelos dados da União Avícola Russa. A entidade reportou a exportação de 80.000 toneladas de carne de aves para a China entre janeiro e agosto, um aumento de 15% em comparação ao ano anterior. Segundo o sindicato, o “vetor de exportação oriental” foi responsável por quase metade de todo o crescimento das exportações avícolas russas no período.
O avanço russo torna-se ainda mais notável por ocorrer “contra a maré”. O desempenho foi registrado apesar de as importações totais de aves pela China terem apresentado uma queda geral de 0,8% este ano. Além disso, a Rússia expandiu sua fatia mesmo com a concorrência de outros grandes produtores, como o Brasil, e a recente reabertura do mercado chinês para fornecedores da Argentina.
A força dessa parceria comercial reside em um nicho de mercado muito específico: cerca de 76% de todo o volume exportado pela Rússia corresponde a pés de frango. O produto, que é considerado uma iguaria de alta procura na China, é classificado como um resíduo de baixo valor no mercado russo, criando uma sinergia comercial que não pressiona o abastecimento interno na Rússia.
Apesar do sucesso, a própria União Avícola Russa alerta que a China se tornará um “concorrente cada vez mais sério”. A produção doméstica chinesa está em constante crescimento, e suas próprias exportações de aves dispararam 42% no primeiro semestre de 2025, atingindo 308.000 toneladas. A expansão avícola faz parte de uma aproximação comercial mais ampla entre os dois países: dados da agência governamental Agroexport mostram que o comércio agrícola total da Rússia para a China cresceu 10% (para US$ 4 bilhões) nos primeiros sete meses de 2025, com destaque também para um aumento de 140% nas exportações de carne suína.
Referência: Poultry World











