
A semana no mercado da avicultura brasileira apresenta um cenário misto, com a carne de frango ganhando terreno em relação à suína, mas perdendo competitividade para a bovina no que tange aos preços. Enquanto isso, o mercado de ovos enfrenta uma retração nas cotações devido à demanda interna enfraquecida.
Carne de frango: demanda sustenta alta, mas desaceleração é sinalizada
Segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços médios da carne de frango têm apresentado alta na parcial de maio, quando comparados com o mês anterior. Esse movimento de valorização, conforme explicam pesquisadores, foi impulsionado pela demanda aquecida no início do mês, influenciada pelo pagamento de salários.
Entretanto, o cenário para os próximos dias pode apresentar mudanças. Uma parcela dos agentes consultados pelo Cepea sinaliza um possível desaquecimento da procura, enquanto outros ainda avaliam o ritmo de vendas da proteína como firme.
Na semana anterior, o Cepea já havia reportado avanços nos preços do frango abatido no atacado da Grande São Paulo, atribuindo essa alta ao aumento do poder de compra do consumidor e à proximidade do Dia das Mães, data tradicionalmente favorável às vendas do setor. No mercado externo, os embarques brasileiros de carne de frango se mantiveram estáveis de março para abril, mas a receita em Reais obtida pelos exportadores alcançou um recorde para o mês, impulsionada pela valorização do dólar frente ao Real e pela alta no preço médio dos produtos exportados.
Preços do Frango (15/05/2025):
- Frango Congelado: R$ 8,70/kg
- Frango Resfriado: R$ 8,81/kg
Ovos: demanda interna fraca derruba cotações
O mercado de ovos enfrenta uma pressão baixista nos preços nos últimos dias, conforme apontam levantamentos do Cepea. A principal causa para essa queda é o enfraquecimento da demanda no mercado interno. Além disso, compradores intensificaram a pressão por descontos, acentuando a tendência de baixa nas cotações.
No que se refere à oferta, o cenário é misto. Enquanto alguns agentes relatam estoques equilibrados nas granjas, há também registros de maior disponibilidade de ovos em determinadas regiões do país, de acordo com colaboradores consultados pelo Cepea.
Em contraste com a retração no mercado interno, os embarques brasileiros de ovos (in natura e processados) apresentaram crescimento em abril, mantendo a tendência de alta observada desde o início do ano. Esse aumento nas exportações foi impulsionado, pelo segundo mês consecutivo, pela forte demanda dos Estados Unidos, que se consolidou como o principal destino dos ovos brasileiros, absorvendo 65% do volume total exportado em abril. Segundo dados da Secex, o Brasil exportou 4,34 mil toneladas de ovos em abril, um volume 15% superior ao de março e expressivos 271% acima do registrado em abril de 2024. Os Estados Unidos receberam 2,86 mil toneladas, com um forte aumento de 45% em relação a março.
Preços Médios de Ovos Brancos (15/05/2025):
- Grande SP: R$ 176,36
- Santa Maria de Jetibá (ES): R$ 175,17
- Bastos (SP): R$ 167,01
- Grande BH: R$ 180,73
- Recife: R$ 157,19
Preços Médios de Ovos Vermelhos (15/05/2025):
- Grande SP: R$ 193,11
- Santa Maria de Jetibá (ES): R$ 198,35
- Bastos (SP): R$ 185,72
- Grande BH: R$ 198,10
- Recife: R$ 175,67
Perspectivas:
O mercado da avicultura apresenta dinâmicas distintas para carne de frango e ovos. Enquanto a carne de frango se beneficia de uma demanda inicial de mês aquecida, o mercado de ovos sofre com a retração da procura interna. O bom desempenho das exportações de ovos, impulsionado pela demanda dos Estados Unidos, contrasta com a pressão baixista nos preços domésticos. A competitividade da carne de frango em relação à suína é um ponto de atenção, assim como a perda de terreno frente à carne bovina em termos de preço. O mercado seguirá monitorando o ritmo da demanda interna para ambas as proteínas e a evolução do cenário das exportações.
Fatores que influenciam o mercado:
- Custos de produção: Os custos com ração (principalmente milho e farelo de soja), energia, mão de obra e sanidade animal exercem forte influência sobre os preços de frangos e ovos.
- Demanda interna: O poder de compra da população, hábitos de consumo, eventos sazonais e preços de outras proteínas (bovina, suína) impactam diretamente a demanda por carne de frango e ovos no mercado nacional.
- Exportações: A demanda internacional e a taxa de câmbio afetam a competitividade e o volume das exportações de carne de frango e ovos, influenciando a oferta e os preços no mercado interno.
- Sanidade animal: A ocorrência de doenças e a implementação de medidas sanitárias podem impactar a produção e a oferta de aves e ovos, refletindo nos preços.
- Política e regulamentação: As políticas governamentais relacionadas à produção, sanidade, comércio exterior e incentivos fiscais podem ter efeitos significativos sobre o setor avícola.
Aquicultura: cotações da tilápia em alta no mercado interno em abril, apesar da oferta robusta

O mercado de tilápia apresentou valorização em praticamente todas as regiões monitoradas pelo Cepea durante o mês de abril. Segundo os colaboradores, a alta nos preços era esperada pelo setor, impulsionada pela tradicional demanda aquecida durante o período da Quaresma.
No entanto, o aumento nas cotações foi parcialmente limitado pela maior disponibilidade do pescado, influenciada pelo peso elevado dos peixes comercializados. De acordo com o levantamento do Cepea, na importante região dos Grandes Lagos, que abrange o noroeste do estado de São Paulo e a divisa com o Mato Grosso do Sul, o preço médio da tilápia atingiu R$ 8,06/kg em abril. Esse valor representa uma elevação de 3,4% em comparação com a média registrada no mês de março.
Exportações de tilápia recuam mensalmente, mas crescem significativamente em base anual
No cenário do comércio exterior, o mês de abril de 2025 registrou uma retração tanto no volume quanto na receita das exportações brasileiras de tilápia em relação ao mês anterior. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, indicam que o volume total exportado alcançou 1.533 toneladas. Esse montante representa uma queda de 1,9% em comparação com o volume embarcado em março de 2025.
A receita gerada pelas exportações de tilápia em abril totalizou US$ 5,8 milhões, apresentando um recuo de 17,6% em relação ao faturamento do mês anterior.
Apesar da queda no comparativo mensal, o desempenho das exportações de tilápia em abril de 2025 supera expressivamente os resultados observados no mesmo período do ano anterior. O volume exportado de 1.533 toneladas representa um aumento notável de 82,8% em relação a abril de 2024. Da mesma forma, a receita de US$ 5,8 milhões indica um avanço significativo de 49,4% em comparação com o faturamento registrado em abril do ano passado.

Perspectivas:
O mercado de tilápia em abril de 2025 demonstra uma dinâmica interessante, com a demanda sazonal da Quaresma impulsionando os preços no mercado interno, embora a oferta mais robusta tenha limitado uma valorização ainda maior. No mercado externo, a queda mensal nas exportações não ofusca o forte crescimento anual, indicando uma expansão consistente da presença da tilápia brasileira no mercado internacional. Os preços praticados nas diferentes regiões produtoras refletem as particularidades da oferta e da demanda locais.
Grãos: Soja com negociações lentas, milho estável e trigo com foco no plantio

O mercado brasileiro de soja em grão apresenta um ritmo de negociações lento nesta semana, conforme apontamento do Cepea em relatório divulgado em 12 de maio. A principal razão para essa retração reside na disparidade entre os preços ofertados pelos compradores e as expectativas de preço dos vendedores.
Pesquisadores do Cepea explicam que os demandantes estão atentos às quedas observadas nos preços internacionais da soja e na redução dos prêmios de exportação no Brasil. Essa conjuntura tem diminuído a paridade de exportação, influenciando a disposição dos compradores em ofertar preços mais altos. Adicionalmente, o mercado opera em um contexto de oferta nacional recorde da oleaginosa e de aumento na oferta proveniente da Argentina, fatores que exercem pressão baixista sobre os preços.
Por outro lado, os vendedores mantêm suas expectativas ancoradas no forte desempenho das exportações brasileiras de soja em abril e na perspectiva de uma maior demanda externa nos próximos meses. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), também divulgados em maio, revelam que o Brasil escoou um volume expressivo de 15,27 milhões de toneladas de soja em abril. Esse montante representa um crescimento de 4,2% em relação ao volume exportado em março e também supera em 4,2% o volume embarcado em abril do ano anterior. Esse resultado configura o terceiro maior volume de soja exportado pelo país na história, ficando atrás apenas dos recordes de junho de 2023 (15,58 milhões de toneladas) e abril de 2021 (16,11 milhões de toneladas). As exportações de soja para a China, principal destino do grão brasileiro, apresentaram uma queda de 3% entre março e abril.
Confira os valores da soja (15/05):
- Paranaguá: R$ 131,74
- Paraná: R$ 127,51
Já o mercado brasileiro de milho apresenta um cenário de preços relativamente estáveis nesta semana, conforme informações do Cepea de 12 de maio. Apesar da colheita da segunda safra (safrinha) estar em andamento em algumas regiões, os preços têm encontrado sustentação em fatores como a expectativa de uma demanda aquecida nos próximos meses, tanto para o mercado interno quanto para as exportações.
A atenção do mercado também se volta para o desenvolvimento da safrinha, com as condições climáticas sendo monitoradas de perto para avaliar o potencial produtivo. A dinâmica de oferta e demanda, juntamente com as perspectivas para o mercado internacional, devem ditar o rumo dos preços do milho nas próximas semanas.
- O valor do milho (15/05) é de R$ 73,07
Por fim, os produtores de trigo no Brasil direcionam suas atenções para as atividades de campo, com o ritmo de semeadura sendo considerado satisfatório por agentes consultados pelo Cepea em relatório de 13 de maio. A expectativa geral é de que as condições climáticas se mantenham favoráveis ao desenvolvimento das lavouras e contribuam para uma boa produção na safra deste ano.
Dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab/Deral), divulgados em 6 de maio, indicam que 26% da área esperada para o cultivo de trigo no Paraná, o segundo maior estado produtor do cereal, já havia sido semeada. As atividades de plantio estão mais avançadas nas regiões norte e noroeste do estado.
No que concerne aos preços de negociação do trigo, o mercado tem apresentado pequenas oscilações. O levantamento do Cepea aponta que, em abril, os valores do trigo atingiram os maiores patamares desde o último trimestre de 2024. Contudo, em maio, os compradores de trigo demonstram certa resistência em conceder novos reajustes positivos nas aquisições de novos lotes. Essa postura dos demandantes está também relacionada às recentes desvalorizações do trigo no mercado internacional.
Confira os valores do trigo (15/05):
- Paraná: R$ 1.533,01/tonelada (Fonte: Cepea)
- Rio Grande do Sul: R$ 1.387,84/tonelada (Fonte: Cepea)
Perspectivas
O mercado de grãos brasileiro segue atento a diversos fatores que podem influenciar os preços e a dinâmica de negociação. Para a soja, a evolução da demanda externa, especialmente da China, e o comportamento dos preços internacionais serão determinantes. No milho, o desenvolvimento da safrinha e o ritmo das exportações ditarão o tom do mercado. Já para o trigo, o clima durante o período de plantio e desenvolvimento da safra será crucial para definir o potencial produtivo e, consequentemente, os preços.
Fatores que influenciam o mercado:
- Câmbio: A taxa de câmbio influencia a competitividade dos grãos brasileiros no mercado internacional. Desvalorizações do real tornam os produtos mais atrativos para compradores estrangeiros.
- Clima: As condições climáticas, tanto no Brasil quanto em outros países produtores, afetam diretamente a produção e, consequentemente, a oferta e os preços dos grãos.
- Demanda externa: O apetite dos principais importadores, como a China, impacta significativamente as exportações brasileiras.
- Política agrícola: As políticas governamentais, como subsídios, linhas de crédito e programas de apoio à produção, podem influenciar a oferta e os preços dos grãos.
- Custos de produção: Os custos de produção, incluindo fertilizantes, defensivos, combustíveis e mão de obra, afetam a rentabilidade dos produtores e, consequentemente, a oferta e os preços dos grãos.