
A avicultura brasileira apresenta um cenário de preços firmes para o frango vivo nesta parcial de abril, atingindo o maior patamar real desde agosto de 2022, conforme apontam pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em contrapartida, o setor de ovos enfrenta uma lentidão nas vendas, resultando em quedas nas cotações.
Frango vivo
O preço médio do frango vivo neste mês de abril, de R$ 6,15/kg (em valores deflacionados pelo IGP-DI de março/25), acumula uma alta expressiva de 11% em relação ao mês anterior, segundo o Cepea. Esse cenário de valorização é sustentado por uma demanda aquecida tanto no mercado interno quanto externo. Adicionalmente, os elevados patamares do milho, mesmo com recuos recentes, pressionam os agentes do setor a repassar parte do aumento dos custos de produção aos preços do animal vivo.
Apesar dos custos ainda pressionados, a forte alta nas cotações do frango, combinada com as desvalorizações dos principais insumos da atividade avícola (milho e farelo de soja), impulsionou o poder de compra do avicultor paulista frente a esses componentes em abril, pelo segundo mês consecutivo, conforme levantamentos do Cepea.

Na semana anterior (17/04), o Cepea havia destacado que a carne de frango ganhava competitividade frente à bovina, mas perdia em relação à suína. A demanda mais firme e a menor disponibilidade de carne no mercado interno, influenciada pelos feriados da Semana Santa e de Tiradentes, contribuíram para a valorização da proteína avícola na ocasião, impulsionada também por uma demanda externa aquecida. Os dados da Secex, analisados pelo Cepea, indicavam uma média diária de embarques de 22,4 mil toneladas nos primeiros nove dias úteis de abril, 9% acima da média de abril do ano anterior.
Ovos
O setor de postura paulista enfrenta uma queda no poder de compra frente ao farelo de soja nesta parcial de abril, atingindo o menor patamar dos últimos três meses, conforme levantamentos do Cepea. Em relação ao milho, o desempenho se mostra estável, com os preços dos ovos e do cereal recuando na mesma intensidade na comparação entre as médias de abril e março. O farelo de soja, por sua vez, registrou uma baixa mais leve.
Em Bastos (SP), principal polo produtor, as cotações do ovo branco tipo extra (FOB granja) caíram 5% em relação a março, com a caixa de 30 dúzias passando de R$ 203,01 para R$ 192,79 nesta parcial do mês. Para o ovo vermelho, o recuo foi de 4,9%, com a caixa de 30 dúzias comercializada atualmente a R$ 220,20, em média. De modo geral, pesquisadores do Cepea explicam que essas quedas estão atreladas à lentidão nas vendas.


Na semana anterior (17/04), o Cepea havia informado que a demanda por ovos havia aumentado gradualmente durante a Semana Santa, mas as cotações se mantiveram praticamente estáveis na maioria das praças, com preços já em patamares considerados elevados. A expectativa era de que a demanda sustentasse os preços até o final do período religioso, com possível enfraquecimento das altas após esse período.
Perspectivas
Para o setor de frango de corte, a expectativa é de que a demanda aquecida, tanto interna quanto externa, continue a sustentar os preços em patamares elevados no curto prazo. A pressão dos custos de produção, especialmente do milho, também deve influenciar a manutenção desses valores. O poder de compra do avicultor frente aos insumos dependerá da evolução dos preços do frango e da trajetória dos custos de milho e farelo de soja. Já para o mercado de ovos, a tendência é de que a lentidão nas vendas persista no curto prazo, mantendo a pressão sobre as cotações. Uma possível recuperação da demanda após o período religioso poderá trazer alguma estabilidade, mas a oferta e o ritmo de consumo serão determinantes para a evolução dos preços nas próximas semanas.
Fatores que Influenciam o Mercado:
- Custos de produção (milho e farelo de soja): Variações nos preços dos principais insumos da ração impactam diretamente a rentabilidade dos avicultores e os preços finais dos produtos.
- Demanda interna: O nível de consumo de carne de frango e ovos no mercado brasileiro, influenciado por fatores econômicos e culturais, é um determinante crucial dos preços.
- Demanda externa (exportações): O volume de exportações de carne de frango afeta a oferta disponível no mercado interno e contribui para a sustentação dos preços.
- Oferta de aves e ovos: A disponibilidade de frangos para abate e a produção de ovos influenciam diretamente os preços, com maior oferta tendendo a pressionar os valores para baixo.
- Sanidade e regulamentação: Questões sanitárias e regulamentações governamentais podem impactar a produção, os custos e, consequentemente, os preços dos produtos avícolas.
Aquicultura: preços da tilápia apresentam disparidade regional

O mercado da aquicultura, especificamente no setor da tilápia, demonstrou uma significativa variação de preços nas diferentes regiões produtoras do país, conforme levantamento do Cepea referente ao dia 17 de abril. A análise dos valores praticados nas principais praças revela um cenário heterogêneo, com reflexos nas dinâmicas econômicas locais.
Os dados do Cepea apontam para os seguintes preços médios da tilápia nas regiões monitoradas:

Essa variação regional impacta diretamente a rentabilidade dos produtores em cada área, bem como a competitividade do produto nos mercados consumidores. Produtores em regiões com preços mais elevados podem ter uma margem de lucro maior, mas também podem enfrentar desafios para competir em mercados mais sensíveis a preços. Já em regiões com preços mais baixos, a competitividade pode ser maior, mas a rentabilidade por quilo vendido pode ser menor, exigindo ganhos de escala para compensar.
A análise contínua desses dados regionais é fundamental para que produtores, distribuidores e outros agentes da cadeia da aquicultura possam tomar decisões estratégicas mais assertivas, considerando as particularidades de cada mercado e buscando otimizar seus resultados econômicos. O acompanhamento da evolução desses preços ao longo do tempo também permite identificar tendências e antecipar possíveis mudanças no cenário da aquicultura brasileira.
Perspectivas
Diante desse panorama de preços regionais distintos, o mercado de tilápia na aquicultura apontam para uma possível manutenção dessas variações no curto prazo, a menos que ocorram mudanças significativas nos fatores que influenciam cada região. A demanda do consumidor, que pode ser sensível a flutuações econômicas e hábitos alimentares regionais, continuará sendo um fator chave na determinação dos preços. Além disso, investimentos em infraestrutura logística e em tecnologias de produção que possam reduzir custos podem ter um impacto na competitividade e nos preços praticados em cada região. O acompanhamento das políticas governamentais para o setor da aquicultura e de eventuais mudanças regulatórias também será importante para entender as tendências de longo prazo e as oportunidades e desafios para os produtores em diferentes partes do país.
Fatores que Influenciam o Mercado:
- Custos de produção regionais: Variações nos preços de ração, alevinos, energia elétrica e mão de obra entre as diferentes regiões produtoras impactam diretamente os custos e, consequentemente, os preços de venda da tilápia.
- Logística e infraestrutura: A qualidade das estradas, a distância entre as áreas de produção e os centros consumidores, e a disponibilidade de transporte adequado influenciam os custos de distribuição e, portanto, os preços finais.
- Demanda regional e local: As preferências dos consumidores, o poder de compra e a presença de mercados específicos (como restaurantes, peixarias e supermercados) em cada região afetam a demanda e a capacidade de absorção da produção, impactando os preços.
- Escala de produção e tecnologia: A adoção de tecnologias mais eficientes e a escala de produção podem gerar economias de custo, influenciando a competitividade e os preços praticados pelos produtores em diferentes regiões.
- Regulamentação e políticas governamentais: As leis ambientais, as licenças de operação, os incentivos fiscais e os programas de apoio ao setor da aquicultura podem ter um impacto significativo nos custos e na viabilidade econômica da produção em cada região.
Grãos: Soja com colheita avançada, Milho em queda e Trigo sustentado pela entressafra

O mercado de grãos no Brasil apresenta dinâmicas distintas para soja, milho e trigo nesta semana, com a colheita da soja em reta final, o milho sob pressão de compradores retraídos e o trigo sustentado pela menor oferta na entressafra, conforme dados do Cepea e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Soja
A colheita da safra 2024/25 de soja avança rapidamente no Brasil, atingindo 88,3% da área nacional até 12 de abril, superando o ritmo do ano anterior (83,2%) e a média dos últimos cinco anos (87,4%), de acordo com a Conab. Essa maior disponibilidade do grão intensificou os negócios domésticos, conforme apontam pesquisadores do Cepea. No entanto, a menor atratividade dos prêmios de exportação e a significativa oscilação cambial limitaram uma liquidez ainda maior. Apesar disso, os preços da soja se mantêm firmes no geral.
Confira os valores da soja (24/04):
- Paranaguá: R$ 135,13
- Paraná: R$ 129,06
Milho
O mercado interno de milho registrou uma nova queda de preços na última semana na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. A pressão vendedora decorre da postura mais cautelosa dos compradores, que priorizam o consumo de seus estoques e se afastam de novas aquisições no mercado à vista, aguardando possíveis desvalorizações. Os compradores ativos ofertaram preços menores para novos lotes. Do lado dos vendedores, muitos estão focados nas atividades de campo da segunda safra e demonstram flexibilidade nos valores e prazos de negociação. No campo, os agricultores seguem monitorando o clima, com expectativa de retorno das chuvas, o que pode mitigar preocupações com o impacto da seca de março em parte das regiões da segunda safra, como Paraná e Mato Grosso do Sul. A Conab informou em seu relatório do dia 14/04 que a semeadura da segunda safra brasileira foi finalizada. A colheita da safra de verão avançou para 65,5% da área nacional, acima da média de 60,3% dos últimos cinco anos.
- O valor do milho (24/04) é de R$ 81,60
Trigo
Os recentes feriados impactaram o ritmo de negócios envolvendo trigo e seus derivados no mercado nacional, segundo levantamentos do Cepea. Compradores sinalizam estar bem abastecidos, enquanto vendedores buscam realizar caixa com o produto da safra de verão, sem demonstrar urgência em liberar estoques. A expectativa dos vendedores é de novas valorizações nas próximas semanas ou meses. Pesquisadores do Cepea explicam que a oferta restrita neste período de entressafra continua a sustentar as cotações no Brasil. Na parcial de abril (até o dia 17/04), o preço médio do trigo no mercado disponível do Paraná apresentou um aumento de 2,5% em relação a março/25; no Rio Grande do Sul, a alta mensal foi de 4,9%; em São Paulo, de 2,8%; e em Santa Catarina, de 3,3%, conforme dados do Cepea.
Confira os valores do trigo (24/04):
- Paraná: R$ 1.579,77
- Rio Grande do Sul: R$ 1.476,85
Perspectivas
Diante desse cenário, o mercado de grãos nas próximas semanas apontam para uma possível estabilização dos preços da soja, com a conclusão da colheita exercendo pressão de oferta, mas com o câmbio e a demanda internacional atuando como fatores de suporte. Para o milho, a expectativa é de que a pressão de baixa continue no curto prazo, influenciada pela retração dos compradores e pela proximidade da colheita da segunda safra. O clima e o desenvolvimento dessa safra serão cruciais para definir o rumo dos preços nos próximos meses. Já para o trigo, a tendência de preços firmes deve persistir durante o período de entressafra, com a menor disponibilidade sustentando as cotações, a menos que haja alguma mudança significativa na demanda ou nas expectativas para a próxima safra. O comportamento do câmbio e as condições climáticas globais também seguirão sendo fatores importantes a serem monitorados para todos os grãos.
Fatores que Influenciam o Mercado:
- Câmbio: A taxa de câmbio impacta diretamente a competitividade das exportações brasileiras de grãos e, consequentemente, os preços internos, especialmente para soja e milho.
- Demanda internacional: O apetite de compra de grandes importadores, como a China, influencia significativamente os preços globais e o fluxo de exportações do Brasil.
- Condições climáticas: As condições climáticas nas principais regiões produtoras do Brasil e de outros países afetam diretamente a produção e a expectativa de oferta dos grãos.
- Oferta e demanda interna: A dinâmica entre a disponibilidade dos grãos no mercado brasileiro e a demanda da indústria, de consumidores e do setor de etanol (para o milho) influencia os preços domésticos.
- Política agrícola e econômica: Decisões governamentais relacionadas a financiamento agrícola, armazenagem, infraestrutura logística e tarifas de importação/exportação podem ter impacto nos custos e na competitividade do setor.