
A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China abre espaço para que o Brasil amplie sua participação no mercado chinês de commodities agrícolas. Com a imposição de tarifas de 10% a 15% sobre US$ 21 bilhões em produtos agropecuários americanos, incluindo carne e soja, os importadores chineses devem reforçar a compra de insumos brasileiros.
O Brasil, maior exportador global de soja, carne bovina, frango e algodão, já havia conquistado fatias importantes do mercado chinês durante o primeiro mandato de Donald Trump, quando os EUA impuseram sanções comerciais contra Pequim. Com a nova rodada de tarifas, analistas apontam que a demanda chinesa por grãos e proteínas do Brasil deve crescer ainda mais, impactando os preços internos.
Os preços da soja brasileira já começaram a reagir, com os prêmios nos portos atingindo os maiores níveis da temporada. Empresas do setor, como SLC Agrícola e BrasilAgro, podem se beneficiar desse cenário, assim como frigoríficos exportadores como JBS e BRF. No entanto, a menor oferta interna pode pressionar o custo dos grãos para a ração animal, refletindo no preço das proteínas no mercado doméstico.
A alta dos alimentos, que já acumulou 8% em 2024, representa um desafio para o governo brasileiro, que busca medidas para conter a inflação e evitar impactos no consumo interno. Em 2018 e 2019, um movimento semelhante de aumento nas exportações elevou os preços ao consumidor, cenário que pode se repetir com a atual disputa comercial.
O Brasil deve colher uma safra recorde de soja em 2024/25, ultrapassando 170 milhões de toneladas, e as exportações devem superar 100 milhões de toneladas. Além disso, as indústrias de carne bovina, frango e suína também projetam volumes históricos de produção e embarques.
Segundo especialistas, a busca chinesa por fornecedores alternativos aos EUA pode consolidar o Brasil como líder global no fornecimento de commodities agropecuárias para o país asiático, ampliando o protagonismo brasileiro no comércio internacional de alimentos.