
O mais recente Relatório de Suínos e Porcos do USDA, divulgado em 1º de dezembro de 2025, surpreendeu o mercado com dados que contrariam as expectativas de estabilidade na oferta. O documento revelou que o rebanho de matrizes dos Estados Unidos encolheu para 5,95 milhões de cabeças, uma queda de 1% em relação ao ano anterior, atingindo o menor nível para o mês de dezembro desde 2014. No entanto, o que seria um sinal de contração foi ofuscado por números de estoques totais e animais prontos para abate acima do esperado, configurando um cenário classificado pelo economista Lee Schulz (Ever.Ag) como “pessimista”.
O impacto imediato nos preços vem da categoria de suínos de mercado com peso superior a 81,6 kg (180 lb), que registrou um aumento de 3% na comparação anual. O dado pegou os analistas de surpresa, já que a média das previsões apontava para uma alta modesta de apenas 0,5%. Além disso, o USDA revisou para cima os dados de períodos anteriores: o estoque total de setembro de 2025 foi ajustado em +1,1% e a produção de suínos entre junho e agosto teve uma revisão de +2,5%. Essas correções indicam que havia mais suínos no sistema do que o contabilizado anteriormente, totalizando agora um estoque geral de 75,5 milhões de cabeças (+1%).
Mesmo com o plantel de reprodutoras reduzido, a intenção de produção permanece aquecida. O relatório aponta que os produtores americanos planejam parir 2,89 milhões de porcas no trimestre de dezembro de 2025 a fevereiro de 2026, um aumento de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A mesma tendência de alta (2%) é projetada para o trimestre de março a maio. Isso demonstra que, apesar da redução física do rebanho de matrizes, a eficiência do sistema permite manter a escala de produção elevada, desafiando a lógica de que menos mães resultariam em menos leitões a curto prazo.
Essa eficiência é comprovada pelos índices de produtividade, que continuam quebrando recordes. A média de leitões salvos por ninhada chegou a 11,93, mantendo uma sequência histórica de 17 trimestres consecutivos de crescimento, embora o ritmo dessa melhora esteja desacelerando. Diante desse quadro de oferta robusta, Schulz projeta um ano de 2026 moderadamente lucrativo, mas faz um alerta para o gerenciamento de risco: a combinação de revisões de estoque para cima e aumento na eficiência pode pressionar as margens e os preços no decorrer do ano.
Referência: Pork Business












