
A dinâmica do mercado de ovos no Chile enfrenta um cenário curioso: enquanto as importações disparam, impulsionadas pela competitividade de vizinhos como Brasil e Argentina, a produção interna mantém sua trajetória de expansão e aposta na valorização do produto nacional para blindar o setor. Em setembro de 2025, o volume de ovos importados pelo país andino saltou aproximadamente 64% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, consolidando o Chile como o maior comprador de ovos de mesa do Brasil na América do Sul.
Apesar do aumento expressivo nos desembarques, o impacto estrutural ainda é considerado baixo. Dados de 2024 indicam que as importações representaram apenas cerca de 3% do mercado doméstico chileno. Para 2025, a associação ChileHuevos projeta uma produção local robusta de 4,9 bilhões de unidades, o que elevaria o consumo per capita para cerca de 250 ovos/ano, um crescimento de 7% sobre 2024. Comparado a esse volume massivo, as importações de setembro (cerca de 136 milhões de unidades) diluem-se no montante total, embora acendam um alerta sobre a competitividade.
Patricio Kurte, presidente da ChileHuevos, reconhece a vantagem competitiva dos vizinhos: Brasil e Argentina são autossuficientes na produção de milho e soja, base da ração, o que reduz custos. Além disso, a crise econômica argentina empurra seus produtores para a exportação como estratégia de sobrevivência. No entanto, o atual cenário de preços baixos no Chile pode desestimular novas importações no curto prazo.
Para proteger os cerca de 300 produtores locais, a ChileHuevos prepara uma contraofensiva estratégica. A entidade lançará em breve uma campanha massiva e um selo de qualidade exclusivo, focado em promover os atributos e a origem da produção nacional, visando fidelizar o consumidor e fortalecer a cadeia interna frente ao avanço dos produtos estrangeiros, que também crescem nos segmentos de ovos processados (pó e líquido) e genética (frangas).
Referência: Watt Poultry












