
A crise sanitária na suinocultura europeia atingiu um novo nível de tensão nesta segunda-feira, com a mobilização das Forças Armadas da Espanha para conter um foco ativo de Peste Suína Africana (PSA) nas imediações de Barcelona. A operação de emergência envolve 117 membros da Unidade Militar de Emergência (UME), apoiados por um contingente de 300 policiais catalães e agentes rurais. A ação foi desencadeada após a confirmação laboratorial da doença em dois javalis encontrados mortos no parque de Collserola, situado a 21 km da capital catalã, o que obrigou as autoridades a decretarem uma zona de exclusão de 6 km ao redor da localidade de Bellaterra.
As investigações epidemiológicas apontam para uma causa alarmante pela sua simplicidade: o descarte incorreto de alimentos. O ministro da Agricultura da Catalunha, Oscar Ordeig, indicou que a hipótese mais provável para a introdução do vírus é a ingestão, por parte de um javali, de restos de comida contaminada descartados inadequadamente. A região do foco está localizada próxima à rodovia AP-7, um corredor logístico estratégico que liga a Espanha à França. A ausência de animais infectados em outras áreas da Catalunha ou do sul da França reforça a tese de que o patógeno foi transportado por ação humana (“salto por vetor humano”) e não pela migração natural de suídeos selvagens.
O impacto econômico para a Espanha, um dos maiores exportadores mundiais de carne suína, foi imediato. O ministro da Agricultura espanhol, Luis Planas, confirmou que cerca de um terço dos certificados de exportação do país foram bloqueados em resposta ao surto. Embora o vírus da PSA não represente risco à saúde humana, sua letalidade para o plantel suíno impõe barreiras comerciais rígidas. Até o momento, nenhuma granja comercial foi infectada, mas todas as unidades produtivas em um raio de 20 km do foco inicial foram submetidas a restrições operacionais e de comercialização para tentar blindar a indústria bilionária do país.
Os protocolos internacionais de sanidade animal exigem a suspensão automática das exportações para países que não reconhecem o princípio de regionalização da União Europeia. Entre os mercados impactados estão parceiros relevantes como Japão, Coreia do Sul e Filipinas. A exceção positiva é a China, principal cliente da carne suína espanhola (responsável por 1,1 bilhão de euros em compras anuais), que aceita a regionalização. O veto chinês será aplicado, portanto, apenas aos produtos oriundos das comarcas de Barcelona, preservando o fluxo comercial das demais regiões produtoras da Espanha.
Para mitigar os danos, o governo espanhol ativou negociações diplomáticas urgentes. O ministro da Agricultura, Luis Planas, afirmou que a prioridade é reabrir os mercados o mais rápido possível, fornecendo garantias adicionais de biosseguridade. A detecção do vírus em javalis selvagens, encontrados mortos próximos ao campus da Universidade Autônoma de Barcelona, mobilizou também as autoridades locais, que implementaram zonas de controle e restrição de movimentos para evitar que a doença atinja as granjas comerciais de suínos, o que seria um cenário devastador para a economia agropecuária do país.
Referência: Reuters











