Fonte CEPEA
Milho - Indicador Campinas (SP)R$ 69,42 / kg
Soja - Indicador PRR$ 136,10 / kg
Soja - Indicador Porto de Paranaguá (PR)R$ 142,94 / kg
Suíno Carcaça - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 12,86 / kg
Suíno - Estadual SPR$ 8,87 / kg
Suíno - Estadual MGR$ 8,44 / kg
Suíno - Estadual PRR$ 8,25 / kg
Suíno - Estadual SCR$ 8,30 / kg
Suíno - Estadual RSR$ 8,31 / kg
Ovo Branco - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 126,29 / cx
Ovo Branco - Regional BrancoR$ 127,12 / cx
Ovo Vermelho - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 137,43 / cx
Ovo Vermelho - Regional VermelhoR$ 137,72 / cx
Ovo Branco - Regional Bastos (SP)R$ 118,77 / cx
Ovo Vermelho - Regional Bastos (SP)R$ 130,76 / cx
Frango - Indicador SPR$ 8,09 / kg
Frango - Indicador SPR$ 8,10 / kg
Trigo Atacado - Regional PRR$ 1.182,32 / t
Trigo Atacado - Regional RSR$ 1.041,80 / t
Ovo Vermelho - Regional VermelhoR$ 125,76 / cx
Ovo Branco - Regional Santa Maria do Jetibá (ES)R$ 123,01 / cx
Ovo Branco - Regional Recife (PE)R$ 121,24 / cx
Ovo Vermelho - Regional Recife (PE)R$ 145,37 / cx

Inovação

Crise em inovação: insegurança jurídica e financiamento limitado freiam pesquisa no Brasil

Descubra os impactos da crise em inovação: insegurança jurídica e financiamento limitado comprometem a pesquisa no Brasil

Crise em inovação: insegurança jurídica e financiamento limitado freiam pesquisa no Brasil

O Brasil se consolida como um dos gigantes globais na produção de alimentos, sendo o segundo maior exportador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Contudo, esse destaque contrasta com a fragilidade dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) no setor agropecuário. Especialistas apontam que a insegurança jurídica e a ausência de mecanismos de financiamento robustos são os principais entraves.

Em um panorama mais amplo, o investimento em PD&I no país é cronicamente limitado. Thiago Falda, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), destaca que a instabilidade regulatória, a falta de segurança jurídica e a frequente mudança de normas contribuem para esse cenário. A legislação de patentes, especialmente em biotecnologia, é vista como fraca, agravando a dificuldade.

Risco Geopolítico Agrava Cenário

A tensão nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, intensificada pela imposição de tarifas americanas de 50% sobre a importação de diversos produtos brasileiros, e a política de priorização de investimentos locais defendida pelo ex-presidente Donald Trump, geram apreensão no setor.

Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), lembra que a maior parte do investimento estrangeiro em ciência no Brasil tem origem nos EUA. “A piora nas relações entre os dois países gera apreensão”, avalia.

Luz ressalta que, apesar da relevância da agropecuária nacional, o país é, muitas vezes, pouco atrativo para aportes externos. O próprio Trump teria alegado a fragilidade da legislação brasileira de patentes como uma das razões para a taxação dos produtos. Essa discussão é particularmente sensível no campo da biotecnologia, um segmento com grande potencial de crescimento, segundo a ABBI. Dados da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo) indicam que o número de patentes em biotecnologia cresceu, em média, 6,3% ao ano na última década.

Investimentos de Longo Prazo Resistem a Choques

Apesar dos riscos comerciais, como o recente “tarifaço” americano, especialistas e empresas do setor indicam que o impacto sobre as decisões de investimento em PD&I no agro tende a ser limitado. Projetos nessa área são tipicamente de longo prazo, levando anos ou até décadas para gerar retorno tangível, segundo Karine Teixeira Borri, professora e pesquisadora da Esalq/USP e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

“Essa natureza de longo prazo dificulta ajustes rápidos em resposta a mudanças geopolíticas pontuais, como tarifas comerciais ou novas exigências regulatórias”, explica Borri, pontuando que a infraestrutura, equipes e projetos estabelecidos não podem ser facilmente realocados.

A estratégia das grandes multinacionais confirma essa visão. A Basf, por exemplo, investe anualmente mais de 915 milhões de euros em PD&I globalmente. Marcelo Ismael, diretor da Basf Soluções para Agricultura na América Latina, destaca que o desenvolvimento de um novo defensivo agrícola exige um investimento estimado de 300 milhões de euros e 12 anos de pesquisa. O Brasil, com seus centros de pesquisa e estações experimentais, é considerado estratégico pelo grupo.

Na Syngenta Proteção de Cultivos, o presidente André Savino afirma que o cenário geopolítico atual exige uma estratégia globalmente integrada, mas com adaptações regionais. “Não se trata de escolher uma região em detrimento de outra, mas, sim, de fortalecer nossa presença e capacidade de inovação nos principais mercados”, diz. A Syngenta investe US$ 2 bilhões por ano em sua rede global e inaugurou recentemente, em Paulínia (SP), seu primeiro Centro de Tecnologia e Engenharia de Produtos na América Latina, com um aporte de R$ 65 milhões, focado na tropicalização de soluções.

Dependência do Setor Público e Orçamento Estrangulado

Apesar dos investimentos das multinacionais, a pesquisadora Karine Borri, do Cepea, lembra que o setor público, por meio de instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ainda é o principal responsável pela maior fatia dos aportes em PD&I. Essa dependência confere uma certa estabilidade, já que as decisões orçamentárias do governo tendem a ser menos sensíveis às flutuações de curto prazo do mercado internacional do que as decisões privadas.

Contudo, os recursos são escassos. No orçamento de R$ 4,7 bilhões da Embrapa para este ano, apenas R$ 335,1 milhões (pouco mais de 7% do total) são destinados ao custeio das atividades de pesquisa – a compra de materiais essenciais. Cerca de R$ 4 bilhões são consumidos por salários, o que prejudica severamente o trabalho de investigação em campo e laboratório.

Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, lamenta o baixo investimento nacional: os aportes em inovação não chegam a 1% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto países como China, Estados Unidos e na Europa investem mais de 3%. “Para um país que depende tanto do agronegócio, o Brasil investe muito pouco em ciência para o setor”, critica.

Em resposta a esse quadro, o programa Nova Indústria Brasil (NIB) do governo federal prevê o aporte de R$ 546,6 bilhões em recursos públicos e privados entre 2024 e 2029. O objetivo é desenvolver cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais, visando metas ambiciosas, como elevar o crescimento do PIB Renda Agroindústria para 6% ao ano em 2033 e aumentar a tecnificação da agricultura familiar para 66% no mesmo período.