
O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode ter impactos significativos no agronegócio brasileiro. Conhecido por sua postura protecionista e imprevisível, Trump tem um histórico de medidas que podem tanto beneficiar quanto prejudicar a agricultura brasileira.
Um dos maiores desafios será a possibilidade de aumento de tarifas sobre produtos brasileiros em função de atitudes do governo brasileiro contra o americano. Recordo que, durante o seu primeiro mandato, Trump implementou políticas voltadas à proteção do produtor rural americano, podendo agora reforçar barreiras comerciais contra o Brasil também. Além disso, o fortalecimento de acordos bilaterais dos EUA com outros fornecedores, como a Argentina, do Presidente Milei, amigo de Trump, pode reduzir a competitividade de alguns produtos brasileiros no mercado americano.
Por outro lado, Trump também possui um histórico de antagonismo com a China, o que pode beneficiar o agronegócio brasileiro. Durante a guerra comercial entre os EUA e a China, o Brasil se tornou um fornecedor essencial para o gigante asiático, especialmente em commodities como a soja. Se esse cenário se repetir, pode haver um aumento na demanda por produtos brasileiros no mercado chinês.
Outro ponto a ser considerado é a questão ambiental, que poderá influenciar as negociações comerciais, especialmente com a União Europeia. Durante o governo Biden, houve maior pressão internacional contra o desmatamento e pelas práticas sustentáveis no Brasil. Com Trump, caso o governo brasileiro deixe de fazer picuinhas ao novo presidente americano, esse tipo de cobrança pode diminuir, facilitando as exportações para o mercado americano sem tantas exigências ambientais.
Além das questões comerciais, a relação diplomática entre Brasil e EUA pode ser impactada pela postura do governo brasileiro em relação à deportação de brasileiros dos Estados Unidos. Se o nosso governo adotar uma postura contrária às políticas imigratórias de Trump e pressionar contra a deportação de seus cidadãos, isso pode gerar tensões políticas que reflitam negativamente inclusive no comércio bilateral.
Diante desse cenário, o agronegócio brasileiro precisará adotar uma estratégia flexível para mitigar riscos e explorar oportunidades, buscando diversificação de mercados e fortalecendo sua presença no comércio global do agronegócio. Temos que ter a ciência de que cada ação gera reação, principalmente pelo atual presidente americano que já demonstrou publicamente uma profunda antipatia pelo nosso atual governo que, infelizmente, nunca nos ajudou e tampouco motivou para utilizarmos com orgulho um boné do tipo MAKE BRAZIL GREAT AGAIN!
Por Jogi Humberto Oshiai, CBO do Melo Advogados Associados, diretamente da capital da União Europeia.