Fonte CEPEA
Milho Campinas (SP)R$ 81,60 / kg
Soja PRR$ 129,06 / kg
Soja Porto de Paranaguá (PR)R$ 135,13 / kg
Suíno Grande São Paulo (SP)R$ 12,89 / kg
Suíno SPR$ 8,62 / kg
Suíno MGR$ 8,53 / kg
Suíno PRR$ 8,24 / kg
Suíno SCR$ 8,14 / kg
Suíno RSR$ 8,28 / kg
Ovo Branco Gande São Paulo (SP)R$ 200,67 / cx
Ovo Branco Grande BH (MG)R$ 206,28 / cx
Ovo Vermelho Gande São Paulo (SP)R$ 225,23 / cx
Ovo Vermelho Grande BH (MG)R$ 231,39 / cx
Ovo Branco Bastos (SP)R$ 192,30 / cx
Ovo Vermelho Bastos (SP)R$ 218,82 / cx
Frango SPR$ 8,74 / kg
Frango SPR$ 8,78 / kg
Trigo PRR$ 1.579,77 / t
Trigo RSR$ 1.476,85 / t
Ovo Vermelho Santa Maria do Jetibá (ES)R$ 226,76 / cx
Ovo Branco Santa Maria do Jetibá (ES)R$ 193,69 / cx
Ovo Branco Recife (PE)R$ 178,11 / cx
Ovo Vermelho Recife (PE)R$ 196,05 / cx

Fala Agro

Bem-estar animal na fase de creche: estratégias para maximização do desempenho zootécnico, por Lucas Rocha Valfré

Bem-estar animal na fase de creche: estratégias para maximização do desempenho zootécnico, por Lucas Rocha Valfré

A suinocultura moderna tem evoluído com foco na integração entre produtividade e bem-estar animal. Nesse contexto, a fase de creche — que se estende do desmame (entre 21 e 28 dias de idade) até aproximadamente os 70 dias — é um período crítico que exige atenção especial. As mudanças abruptas no ambiente, na dieta e nas interações sociais impactam diretamente a fisiologia, o comportamento e a imunidade dos leitões.

A transição da dieta líquida (leite materno) para a alimentação sólida, a separação da matriz e a reorganização social dos lotes são fatores estressores que podem comprometer o desempenho zootécnico e aumentar a suscetibilidade a doenças. Por isso, o manejo adequado nesta fase é essencial para garantir a saúde, o bem-estar e o crescimento eficiente dos animais.

Do ponto de vista fisiológico, a enzima quimosina se destaca nos primeiros dias de vida dos leitões, sendo cerca de 50 vezes mais eficiente que a pepsina na coagulação do leite. Essa ação favorece o esvaziamento gástrico controlado e o desenvolvimento do trato digestivo. A digestibilidade da dieta varia conforme a fonte proteica: o leite da porca forma um coágulo leve, de digestão rápida, enquanto o leite bovino gera um coágulo mais denso e de digestão mais lenta. [1]

Manejo na Fase de Creche

A fase de creche exige um manejo preciso e multifatorial, uma vez que os leitões enfrentam uma série de desafios fisiológicos, nutricionais, sociais e ambientais. Para garantir um desenvolvimento saudável e o máximo aproveitamento do potencial genético dos animais, é essencial adotar estratégias integradas que proporcionem conforto, reduzam o estresse e incentivem o consumo alimentar.

Estratégias de Desmame e Ambientação

O desmame gradual, com a introdução de ração pré-inicial ainda na maternidade, promove a adaptação do sistema digestivo e melhora a aceitação alimentar após a separação da matriz. Além disso, a estabilidade do ambiente — com controle de ruídos, temperatura e iluminação — é essencial para reduzir o estresse fisiológico.

O fornecimento de aquecimento adequado também é crucial, pois a termorregulação dos leitões é comprometida após o desmame. Quando mantidos em condições ideais de nutrição, sanidade e manejo, os leitões podem atingir ganhos médios diários de 100 g na primeira semana, 200 g na segunda e 400 g na terceira semana pós-desmame. [2]

Formação de Lotes e Organização Espacial

A correta formação dos lotes reduz a ocorrência de agressões e favorece a estabilidade social:

  • Agrupamento por peso e tamanho: reduz a competição por alimento e água, promovendo homogeneidade no desempenho.
  • Evitar reorganizações frequentes: mudanças constantes de grupo aumentam o estresse e a incidência de lesões por disputas hierárquicas.

Manejo Nutricional e Hídrico

Para garantir uma boa adaptação alimentar, é fundamental:

  • Oferecer rações altamente digestíveis: com ingredientes de alta biodisponibilidade, complementados por aditivos funcionais como probióticos e prebióticos.
  • Monitorar o consumo de água: a água deve ser limpa, fresca e disponível em quantidade adequada para estimular o consumo de ração e prevenir a desidratação.

Enriquecimento Ambiental e Bem-Estar

O enriquecimento ambiental é uma ferramenta estratégica para promover o bem-estar, reduzindo o tédio e incentivando comportamentos naturais.

Após o desmame, essa prática tem impacto direto na redução de comportamentos indesejáveis como belly nosing, sucção e agressões. A alternância dos objetos a cada 24 ou 48 horas é recomendada para manter o interesse dos animais, reduzindo o medo e a ansiedade. [3] Estudos também indicam que leitões desmamados aos 28 dias podem apresentar maior estresse inicial e pior desempenho, priorizando o contato social com o passar do tempo[4] .

Controle Ambiental e Conforto Térmico

O ambiente físico da creche precisa ser ajustado com base nas necessidades fisiológicas dos leitões:

  • Temperatura: recém-desmamados requerem entre 26°C e 28°C para evitar perdas de calor corporal.
  • Ventilação: essencial para evitar acúmulo de gases como amônia, que prejudicam a saúde respiratória.
  • Iluminação: respeitar o ciclo luz-escuro é fundamental para o ritmo biológico e o comportamento natural dos animais.

Conclusão

A fase de creche representa um ponto-chave na suinocultura industrial. Estratégias de manejo centradas no bem-estar animal não apenas melhoram o desempenho zootécnico e reduzem custos com tratamentos, mas também agregam valor ao produto final, atendendo às exigências de um mercado cada vez mais atento à sustentabilidade e à responsabilidade social.

A adoção de práticas baseadas em evidências científicas fortalece a competitividade da suinocultura brasileira, posicionando o setor como referência em eficiência e respeito ao bem-estar dos animais.

REFERÊNCIAS

[1]ROSTAGNO, HS; PUPA, JMR Fisiologia da digestão e alimentação de leitões. Nutritime Revista Eletrônica, v. 05, pág, set./out. 2018. Disponível em: http://www.nutritime.com.br.

[2] WHITTEMORE, C. T.; GREEN, D. M. Growth of the young weaned pig. In: The weaner pig: Nutrition and Management. M. ª Varley, J. Wiseman, eds. Wallingford: CAB International, pp. 1-15, 2001.

[3] CAMPOS, Josiane A. et al. Enriquecimento ambiental para leitões na fase de creche advindos de desmame aos 21 e 28 dias. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 5, n. 2, p. 272-278, 2010.

[4] VARGAS, Larissa Braganholo et al. Estratégias de enriquecimento ambiental para leitões desmamados. 2020.