
A suinocultura brasileira celebra um desempenho notável no mercado internacional, com as exportações de carne suína em abril de 2025 alcançando a segunda maior receita da série histórica, iniciada em 1997. Os dados divulgados nesta semana pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com base em informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), revelam um panorama de forte crescimento nas vendas externas, contrastando com uma estabilidade no mercado doméstico.
Em abril, o Brasil embarcou um volume recorde de 127,8 mil toneladas de produtos suinícolas, incluindo carne in natura e processada. Esse volume não apenas representa o maior já registrado para o mês de abril, como também figura como o terceiro maior em toda a série histórica da Secex. O desempenho em volume representa um aumento significativo de 11,4% em relação a março de 2025 e um salto de 14,5% quando comparado com abril do ano anterior.
O expressivo volume exportado se traduziu em uma receita de R$ 1,73 bilhão em abril. Este montante representa um acréscimo de 9,3% em relação ao faturamento obtido em março e um notável avanço de 40% em comparação com o resultado de abril de 2024. Esse desempenho financeiro consolida abril como um dos meses mais prósperos para as exportações do setor suinícola brasileiro.
Mercado doméstico apresenta estabilidade em meio à expectativa de aquecimento
Enquanto o mercado internacional impulsiona a receita do setor, o cenário doméstico apresenta uma dinâmica diferente. Segundo levantamentos do Cepea, a oferta de carne suína tem se mantido equilibrada com a demanda na maioria das regiões acompanhadas. Agentes do setor consultados pelo Centro de Pesquisas relatam que, embora a procura esteja firme, não houve o esperado aquecimento do consumo para o início de maio.
Essa constatação contrasta com as expectativas da semana anterior. Em nota divulgada em 8 de maio, o Cepea já apontava para pequenas oscilações nos preços do suíno vivo e da carne, refletindo um alinhamento entre oferta e demanda no mercado nacional. A expectativa de um possível aquecimento nas vendas impulsionado pelo pagamento de salários e pelo Dia das Mães não se concretizou da forma esperada. No mercado da carne, os preços dos cortes tradicionalmente mais demandados para a data, como costela, lombo e pernil, também registraram variações pouco expressivas na semana anterior.
Preços do suíno vivo mantêm estabilidade semanal
Os preços do suíno vivo nas principais praças produtoras do país apresentaram pouca variação entre a semana atual e a anterior, reforçando o cenário de estabilidade no mercado doméstico:
(15/04)
- Suíno vivo MG: R$ 8,53
- Suíno vivo PR: R$ 8,21
- Suíno vivo RS: R$ 8,14
- Suíno vivo SC: R$ 8,14
- Suíno vivo SP: R$ 8,63
(GRÁFICO) Bolsa Suíno MT da Acrismat, com validade de 19 a 25 de maio:
- Mato Grosso: 7,70 (granja) e 5,39 (matriz)
(GRÁFICO) Bolsa de Suíno MG da ASEMG, com validade de 16 a 22 de maio:
- Minas Gerais: 8,60 (granja) e 6,02 (matriz)
(GRÁFICO) Bolsa de Suíno SP da APCS (08/05)
- R$ 165,00/@ = R$ 8,80/Kg
Perspectivas:
O cenário atual da suinocultura brasileira demonstra uma forte dualidade. O desempenho excepcional nas exportações sinaliza a competitividade e a qualidade da produção nacional no mercado global, gerando uma receita significativa para o setor. Por outro lado, o mercado doméstico, embora equilibrado, ainda aguarda um aquecimento mais consistente da demanda. A estabilidade nos preços do suíno vivo reflete esse compasso de espera por um maior dinamismo no consumo interno. As próximas semanas serão importantes para observar se a demanda doméstica ganhará tração, acompanhando o ritmo positivo das exportações.
Fatores que influenciam o mercado:
- Câmbio: A taxa de câmbio exerce um impacto direto sobre a competitividade das exportações brasileiras de carne suína. Uma desvalorização do Real tende a tornar o produto nacional mais atrativo para compradores estrangeiros, impulsionando as vendas externas e a receita em moeda local.
- Demanda externa: O apetite dos principais mercados importadores, como a China e outros países asiáticos, é um fator crucial para o desempenho das exportações. Variações na demanda global, influenciadas por fatores econômicos, sanitários ou políticos, podem impactar significativamente os volumes e os preços praticados.
- Custos de produção: Os custos relacionados à produção suinícola, incluindo a alimentação animal (principalmente milho e farelo de soja), energia, mão de obra e sanidade, afetam diretamente a rentabilidade dos produtores e, consequentemente, a oferta e os preços no mercado interno e externo.
- Demanda doméstica: O nível de consumo interno de carne suína é influenciado por fatores como a renda da população, os preços de outras proteínas concorrentes (como carne bovina e de frango), hábitos alimentares e eventos sazonais. Um aumento na demanda interna pode pressionar os preços e reduzir a disponibilidade para exportação.
- Política e regulamentação: As políticas governamentais relacionadas ao comércio exterior, sanidade animal, meio ambiente e incentivos fiscais podem ter um impacto significativo sobre a produção, a comercialização e a competitividade da carne suína brasileira nos mercados nacional e internacional.
Aquicultura: cotações da tilápia em alta no mercado interno em abril, apesar da oferta robusta

O mercado de tilápia apresentou valorização em praticamente todas as regiões monitoradas pelo Cepea durante o mês de abril. Segundo os colaboradores, a alta nos preços era esperada pelo setor, impulsionada pela tradicional demanda aquecida durante o período da Quaresma.
No entanto, o aumento nas cotações foi parcialmente limitado pela maior disponibilidade do pescado, influenciada pelo peso elevado dos peixes comercializados. De acordo com o levantamento do Cepea, na importante região dos Grandes Lagos, que abrange o noroeste do estado de São Paulo e a divisa com o Mato Grosso do Sul, o preço médio da tilápia atingiu R$ 8,06/kg em abril. Esse valor representa uma elevação de 3,4% em comparação com a média registrada no mês de março.
Exportações de tilápia recuam mensalmente, mas crescem significativamente em base anual
No cenário do comércio exterior, o mês de abril de 2025 registrou uma retração tanto no volume quanto na receita das exportações brasileiras de tilápia em relação ao mês anterior. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, indicam que o volume total exportado alcançou 1.533 toneladas. Esse montante representa uma queda de 1,9% em comparação com o volume embarcado em março de 2025.
A receita gerada pelas exportações de tilápia em abril totalizou US$ 5,8 milhões, apresentando um recuo de 17,6% em relação ao faturamento do mês anterior.
Apesar da queda no comparativo mensal, o desempenho das exportações de tilápia em abril de 2025 supera expressivamente os resultados observados no mesmo período do ano anterior. O volume exportado de 1.533 toneladas representa um aumento notável de 82,8% em relação a abril de 2024. Da mesma forma, a receita de US$ 5,8 milhões indica um avanço significativo de 49,4% em comparação com o faturamento registrado em abril do ano passado.

Perspectivas:
O mercado de tilápia em abril de 2025 demonstra uma dinâmica interessante, com a demanda sazonal da Quaresma impulsionando os preços no mercado interno, embora a oferta mais robusta tenha limitado uma valorização ainda maior. No mercado externo, a queda mensal nas exportações não ofusca o forte crescimento anual, indicando uma expansão consistente da presença da tilápia brasileira no mercado internacional. Os preços praticados nas diferentes regiões produtoras refletem as particularidades da oferta e da demanda locais.
Grãos: Soja com negociações lentas, milho estável e trigo com foco no plantio

O mercado brasileiro de soja em grão apresenta um ritmo de negociações lento nesta semana, conforme apontamento do Cepea em relatório divulgado em 12 de maio. A principal razão para essa retração reside na disparidade entre os preços ofertados pelos compradores e as expectativas de preço dos vendedores.
Pesquisadores do Cepea explicam que os demandantes estão atentos às quedas observadas nos preços internacionais da soja e na redução dos prêmios de exportação no Brasil. Essa conjuntura tem diminuído a paridade de exportação, influenciando a disposição dos compradores em ofertar preços mais altos. Adicionalmente, o mercado opera em um contexto de oferta nacional recorde da oleaginosa e de aumento na oferta proveniente da Argentina, fatores que exercem pressão baixista sobre os preços.
Por outro lado, os vendedores mantêm suas expectativas ancoradas no forte desempenho das exportações brasileiras de soja em abril e na perspectiva de uma maior demanda externa nos próximos meses. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), também divulgados em maio, revelam que o Brasil escoou um volume expressivo de 15,27 milhões de toneladas de soja em abril. Esse montante representa um crescimento de 4,2% em relação ao volume exportado em março e também supera em 4,2% o volume embarcado em abril do ano anterior. Esse resultado configura o terceiro maior volume de soja exportado pelo país na história, ficando atrás apenas dos recordes de junho de 2023 (15,58 milhões de toneladas) e abril de 2021 (16,11 milhões de toneladas). As exportações de soja para a China, principal destino do grão brasileiro, apresentaram uma queda de 3% entre março e abril.
Confira os valores da soja (15/05):
- Paranaguá: R$ 131,74
- Paraná: R$ 127,51
Já o mercado brasileiro de milho apresenta um cenário de preços relativamente estáveis nesta semana, conforme informações do Cepea de 12 de maio. Apesar da colheita da segunda safra (safrinha) estar em andamento em algumas regiões, os preços têm encontrado sustentação em fatores como a expectativa de uma demanda aquecida nos próximos meses, tanto para o mercado interno quanto para as exportações.
A atenção do mercado também se volta para o desenvolvimento da safrinha, com as condições climáticas sendo monitoradas de perto para avaliar o potencial produtivo. A dinâmica de oferta e demanda, juntamente com as perspectivas para o mercado internacional, devem ditar o rumo dos preços do milho nas próximas semanas.
- O valor do milho (15/05) é de R$ 73,07
Por fim, os produtores de trigo no Brasil direcionam suas atenções para as atividades de campo, com o ritmo de semeadura sendo considerado satisfatório por agentes consultados pelo Cepea em relatório de 13 de maio. A expectativa geral é de que as condições climáticas se mantenham favoráveis ao desenvolvimento das lavouras e contribuam para uma boa produção na safra deste ano.
Dados da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab/Deral), divulgados em 6 de maio, indicam que 26% da área esperada para o cultivo de trigo no Paraná, o segundo maior estado produtor do cereal, já havia sido semeada. As atividades de plantio estão mais avançadas nas regiões norte e noroeste do estado.
No que concerne aos preços de negociação do trigo, o mercado tem apresentado pequenas oscilações. O levantamento do Cepea aponta que, em abril, os valores do trigo atingiram os maiores patamares desde o último trimestre de 2024. Contudo, em maio, os compradores de trigo demonstram certa resistência em conceder novos reajustes positivos nas aquisições de novos lotes. Essa postura dos demandantes está também relacionada às recentes desvalorizações do trigo no mercado internacional.
Confira os valores do trigo (15/05):
- Paraná: R$ 1.533,01/tonelada (Fonte: Cepea)
- Rio Grande do Sul: R$ 1.387,84/tonelada (Fonte: Cepea)
Perspectivas
O mercado de grãos brasileiro segue atento a diversos fatores que podem influenciar os preços e a dinâmica de negociação. Para a soja, a evolução da demanda externa, especialmente da China, e o comportamento dos preços internacionais serão determinantes. No milho, o desenvolvimento da safrinha e o ritmo das exportações ditarão o tom do mercado. Já para o trigo, o clima durante o período de plantio e desenvolvimento da safra será crucial para definir o potencial produtivo e, consequentemente, os preços.
Fatores que influenciam o mercado:
- Câmbio: A taxa de câmbio influencia a competitividade dos grãos brasileiros no mercado internacional. Desvalorizações do real tornam os produtos mais atrativos para compradores estrangeiros.
- Clima: As condições climáticas, tanto no Brasil quanto em outros países produtores, afetam diretamente a produção e, consequentemente, a oferta e os preços dos grãos.
- Demanda externa: O apetite dos principais importadores, como a China, impacta significativamente as exportações brasileiras.
- Política agrícola: As políticas governamentais, como subsídios, linhas de crédito e programas de apoio à produção, podem influenciar a oferta e os preços dos grãos.
- Custos de produção: Os custos de produção, incluindo fertilizantes, defensivos, combustíveis e mão de obra, afetam a rentabilidade dos produtores e, consequentemente, a oferta e os preços dos grãos.