
As enfermidades entéricas de leitões são responsáveis por importantes impactos econômicos e sanitários nas produções comerciais de suínos em todo o mundo, independente da faixa etária dos animais ou do agente etiológico envolvido. Nesse contexto, as diarreias causadas por microrganismos anaeróbios, formadores de esporos e produtores de toxinas do gênero Clostridium adquirem particular importância. Clostridium perfringens tipo C e Clostridioides difficil e são os clostrídios entéricos de maior relevância em doenças de leitões neonatos. O envolvimento de C. perfringes tipo A na diarreia de leitões necessita de mais esclarecimentos, entretanto, a sua ocorrência no campo, possui inúmeros relatos com confirmação laboratorial oriundos de diversos estados do Brasil.
CLOSTRÍDIOS
Clostrídios são bactérias Gram-positivas, formadores de esporos, produtores de potentes toxinas e que variam de estritamente anaeróbio a parcialmente tolerante ao oxigênio. Diversas espécies do gênero Clostridium são responsáveis por doenças entéricas em múltiplas espécies animais, incluindo humanos. As espécies que se destacam como potencialmente patogênicas são Clostridium botulinum, Clostridium chauvoei, Clostridium haemolyticum, Clostridium novyi, Clostridium perfringens, Clostridium septicum e Clostridium tetani (Rood, 2016).
CLOSTRIDIUM PERFRINGENS
Clostridium perfringens é um bacilo Gram positivo, formador de esporos, anaeróbio e relativamente aerotolerante, de crescimento rápido, o que faz com que essa bactéria se desenvolva rapidamente e atinja níveis críticos em tecidos e fluidos corporais. Esse microrganismo também é habitante natural do intestino e fezes de várias espécies de animais e de humanos mesmo em condições saudáveis, além de poder, ser encontrado no solo, água doce e salgada e vegetação em decomposição (McClane B.A. et al., 2013 Rood et al., 2018).
A produção de exotoxinas é característica do C. perfringens, e algumas dessas toxinas, são seus principais fatores de virulência. Apesar de serem pelo menos 20 tipos diferentes de toxinas, somente seis são as principais e utilizadas na sua tipificação de A até G (Tabela 1) (Rood et al., 2018). Os toxinótipos estão associados a diferentes doenças, entretanto, o papel de alguns dos tipos nas doenças gastrointestinais dos suínos permanece em discussão. Importante ressaltar que os esporos de C. perfringens são bastante resistentes a fatores ambientais adversos, incluindo luz ultravioleta, diversos tipos de desinfetantes rotineiramente utilizados nas granjas e temperaturas ambientais elevadas (Songer e Uzal, 2005).