Sanidade

#TBT Agrimidia: Prevenção e controle da doença de Marek em 1987 - um desafio constante na avicultura

#TBT Agrimidia: Prevenção e controle da doença de Marek em 1987 - um desafio constante na avicultura

Na edição nº 935 de 1987, o Agrimídia destacou a Doença de Marek, uma das enfermidades mais preocupantes da avicultura mundial. Causada por um herpesvírus altamente contagioso, a doença foi descrita há mais de 80 anos e continua desafiando a sanidade avícola, especialmente devido ao surgimento de cepas mais virulentas.

Na época, o Brasil registrava os últimos surtos da enfermidade, mas o risco permanecia. O artigo reforçava a importância da vacinação precoce, do uso de linhagens resistentes e de rígidas medidas de biossegurança para conter o vírus. Além disso, alertava para o fato de que o patógeno pode se manter ativo no ambiente por mais de um ano, exigindo controle rigoroso na limpeza dos galpões.

Quase quatro décadas depois, a Doença de Marek segue sob controle no Brasil, mas a vigilância nunca pode ser negligenciada. A adoção contínua de boas práticas sanitárias e a evolução das vacinas seguem sendo a melhor defesa para evitar prejuízos e garantir a produtividade da avicultura nacional.

Confira o texto:

Prevenção e Controle da Doença de Marek

Conhecida há pelo menos 80 anos, a Doença de Marek ainda representa um desafio para avicultores em diversas partes do mundo. Causada por um herpesvírus altamente contagioso, a enfermidade pode provocar significativas perdas econômicas, tornando essencial a adoção de medidas preventivas, como vacinação, manejo adequado e o uso de linhagens geneticamente resistentes.

A doença foi descrita pela primeira vez pelo patologista e veterinário húngaro József Marek, que identificou seus sintomas e impacto na avicultura. Desde então, avanços científicos permitiram um maior entendimento sobre a enfermidade e o desenvolvimento de estratégias eficazes para seu controle. No entanto, novas cepas do vírus, mais virulentas, continuam a surgir, aumentando a preocupação dos produtores.

Situação no Brasil

No Brasil, a Doença de Marek encontra-se aparentemente sob controle, com os últimos surtos registrados em 1984. Contudo, a ausência de casos recentes não elimina a necessidade de vigilância, uma vez que o vírus permanece presente nas áreas de produção avícola. O índice de mortalidade pode variar, chegando a 10% do lote em casos mais graves.

Em outras regiões do mundo, especialmente onde falhas de vacinação ocorrem, surtos recentes foram causados por cepas mais agressivas do vírus, conhecidas como Doença de Marek Muito Virulenta (DMMV), exigindo ainda mais atenção dos avicultores.

Sintomas e Transmissão

Os sinais clínicos da Doença de Marek incluem engrossamento dos nervos, especialmente o ciático e o braquial, além da presença de tumores linfomatosos em diversos órgãos. Em alguns casos, pequenos linfomas podem ser observados na pele, próximos aos folículos das penas. A doença afeta principalmente aves entre 12 e 24 semanas de idade, embora possa se manifestar já a partir da sexta semana de vida. O período de incubação pode variar de algumas semanas a meses.

A transmissão ocorre principalmente pelo ambiente, por meio de partículas virais presentes na poeira e nas penas contaminadas. O vírus se multiplica rapidamente no epitélio das penas e nos rins, sendo liberado em grandes quantidades, podendo se espalhar pelo vento e alcançar longas distâncias. Estudos indicam que o vírus pode permanecer ativo por mais de um ano em galpões mal higienizados e sem desinfecção adequada.

Medidas de Controle

A prevenção da Doença de Marek baseia-se em cinco pilares essenciais:

Vacinação: A imunização das aves é a forma mais eficaz de controle, sendo realizada no primeiro dia de vida. Entre as vacinas disponíveis, destacam-se as de vírus do tipo 1, como a cepa Rispens, amplamente utilizada.

Resistência genética: A seleção de linhagens de aves mais resistentes ao vírus é uma estratégia complementar à vacinação.

Manejo adequado: A adoção de boas práticas na criação, incluindo controle da densidade populacional e bem-estar animal, ajuda a reduzir o estresse das aves e, consequentemente, a susceptibilidade à doença.

Higiene e biossegurança: Manter galpões limpos e bem desinfetados reduz a presença do vírus no ambiente e minimiza os riscos de infecção.

Monitoramento contínuo: A realização de necropsias e exames laboratoriais em casos suspeitos permite identificar a presença do vírus e agir rapidamente para conter sua disseminação.

Mesmo com os avanços no controle da Doença de Marek, sua erradicação ainda é um desafio. O compromisso com a prevenção e a adoção de estratégias eficazes continuam sendo fundamentais para garantir a sanidade dos plantéis e evitar prejuízos ao setor avícola.