
O Reino Unido está analisando medidas provisórias para suspender a proibição do uso de proteínas animais processadas (PAPs) na alimentação de suínos e aves. A decisão segue as mudanças na legislação da União Europeia em 2021, que permitiram o uso de PAPs de aves na ração de suínos e de PAPs suínos na ração de aves, prática amplamente adotada nos países membros.
A restrição foi implementada após a crise da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) nos anos 1980, que resultou no abate de 4 milhões de bovinos e na morte de 178 pessoas devido à variante humana da doença. Desde então, medidas rigorosas foram adotadas para eliminar os riscos associados ao consumo intraespécies.
De acordo com a associação FABRA UK, uma consulta pública está em andamento na Escócia sobre o uso de PAPs e outras fontes alternativas de proteína, como farinha de insetos e gelatina de ruminantes. Consultas semelhantes devem ocorrer na Inglaterra e no País de Gales ainda este ano, mas as mudanças legislativas só são esperadas a partir de 2026.
A Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) também foi solicitada a reclassificar o status de risco de EEB no Reino Unido, de “controlado” para “insignificante”. Essa mudança pode facilitar as exportações de carne e subprodutos.
Os PAPs oferecem uma alternativa local e sustentável às proteínas vegetais importadas, como soja e colza, com maior teor de proteína e rastreabilidade rigorosa. Entretanto, especialistas levantam preocupações sobre possíveis riscos sanitários, incluindo:
- Propagação de doenças como a peste suína africana e a diarreia epidêmica suína.
- Controle de qualidade em produtos importados, especialmente em países com regulamentações menos rigorosas.
A Associação Veterinária Britânica apoia a suspensão da proibição, considerando o baixo risco atual de encefalopatias espongiformes transmissíveis, mas destaca a necessidade de precauções adicionais.
Perspectivas Futuras
Embora o setor agropecuário do Reino Unido esteja otimista quanto à harmonização com as práticas europeias, a atitude dos consumidores e varejistas britânicos será um fator determinante. A decisão final dependerá dos resultados das consultas públicas e das avaliações de risco, buscando equilibrar os benefícios econômicos e ambientais com a segurança sanitária.
Referência: Pig Progress