
A JBS S.A. defendeu nesta quarta-feira a estrutura de sua proposta de listagem dupla, que será submetida à aprovação dos acionistas minoritários em 23 de maio. A empresa argumenta que o plano representa uma proposta de valor atraente para investidores no longo prazo, apesar das críticas levantadas pela Institutional Shareholder Services (ISS), uma consultoria em governança corporativa.
Se aprovado, o plano, originalmente anunciado em 2023, faria com que a maior empresa de carnes do mundo tivesse sua listagem principal em Nova York, com recibos de depósito brasileiros (BDRs) negociados em São Paulo. A ISS, no entanto, argumentou que a proposta poderia enfraquecer os direitos dos acionistas minoritários.
Em teleconferência para discutir os resultados do primeiro trimestre, o diretor financeiro da JBS, Guilherme Cavalcanti, abordou as críticas, afirmando que a estrutura proposta garante à empresa um forte acionista controlador que compreende profundamente o setor. Ele ressaltou a importância de um controle definido por pessoas com histórico e conhecimento do negócio, considerando-o o melhor formato.
A JBS divulgou fortes resultados trimestrais, apesar de ser um período sazonalmente mais fraco do ano. No entanto, executivos reconheceram que 2025 seria “mais desafiador” do que 2024, citando um ciclo de gado apertado nos EUA e a incerteza relacionada às tarifas globais, que poderiam prejudicar suas exportações de carne dos Estados Unidos para a China. As ações da JBS caíram quase 6% após a teleconferência com analistas.
Em carta aos acionistas, a JBS criticou a posição da ISS, afirmando que a consultoria “claramente não reconhece o comprometimento de longo prazo e a importância estratégica do papel e da contribuição do acionista controlador para alcançar a liderança da JBS na indústria global de alimentos”. A JBS NV, empresa holandesa criada para a listagem dupla, emitirá ações Classe A e Classe B, sendo que as ações Classe B terão dez vezes o poder de voto das ações Classe A, e somente as ações Classe A serão negociadas publicamente. Em um cenário potencial, os acionistas controladores da JBS poderiam deter 85% do poder de voto.
Cavalcanti informou aos analistas que todos os acionistas poderão converter ações Classe A em Classe B. Ele também mencionou que, em conversas privadas com investidores, a gestão da JBS tem pressionado todos os acionistas a apoiar a proposta.
A JBS recebeu recentemente sinal verde da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA para prosseguir com o plano, o que significa que suas ações podem começar a ser negociadas em Nova York no próximo mês. No entanto, caso o plano seja rejeitado pelos acionistas minoritários, uma nova aprovação da SEC será necessária, processo que levará de três a seis meses para ser concluído.
Comparativos de mercado com concorrentes como Tyson Foods, Marfrig, BRF e Minerva, que também possuem acionistas controladores claros, foram citados para defender a estrutura proposta.