
A resposta dos Estados Unidos à gripe aviária altamente patogênica (HPAI) tem sido marcada por dificuldades de comunicação entre autoridades estaduais e federais, além da ausência do país em discussões internacionais sobre o vírus. Especialistas alertam que a falta de clareza e a demora na divulgação de informações podem prejudicar a contenção da doença e aumentar os impactos econômicos.
Keith Poulsen, diretor do Laboratório de Diagnóstico Veterinário de Wisconsin, afirmou que as mensagens desencontradas sobre a crise estão dificultando a tomada de decisões em um momento crítico. Além disso, a retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a administração Trump comprometeu o compartilhamento de dados sobre surtos e mutações do vírus em outros países, segundo fontes.
Evolução do surto
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) reitera que o risco ao público em geral permanece baixo. No entanto, o aumento das infecções em humanos e gado nos EUA levanta preocupações sobre uma possível mutação que permita a transmissão sustentada entre pessoas. Desde abril, quase 70 casos humanos foram registrados no país, resultando em uma morte. No setor produtivo, mais de 159 milhões de aves foram afetadas desde 2022, pressionando os preços dos ovos a níveis recordes.
Barreiras na comunicação e falta de transparência
O CDC atrasou a publicação de dois relatórios sobre a gripe aviária, que deveriam ter sido divulgados em janeiro, dificultando o acesso a informações relevantes para profissionais de saúde. Um dos relatórios abordava infecções em gatos sem acesso ao ar livre, enquanto o outro analisava a presença do vírus em águas residuais próximas a granjas e laticínios no Oregon. Especialistas classificam essa retenção de informações como “extraordinária e preocupante”.
Além disso, os EUA não participaram recentemente de uma reunião da OMS sobre cepas de influenza, incluindo a H5N1, o que compromete a troca de informações com a comunidade internacional.
Impacto nos estados e setor produtivo
Em nível estadual, Minnesota enfrenta dificuldades para obter respostas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sobre um programa de testes em perus para garantir a segurança do suprimento alimentar. O Conselho de Saúde Animal do estado relatou falta de retorno do USDA desde janeiro, o que gera preocupações entre produtores.
Outras mudanças no governo, como o congelamento de financiamentos federais e o cancelamento temporário de reuniões entre o USDA e veterinários estaduais, aumentaram a incerteza no setor agropecuário. Após uma interrupção de três semanas, as reuniões informativas para o Congresso foram retomadas em fevereiro.
Com o avanço da gripe aviária e a necessidade de uma resposta coordenada, especialistas enfatizam a importância de restaurar a transparência na comunicação e a cooperação entre diferentes níveis de governo para proteger a saúde pública e a economia do setor avícola.