
O mercado de grãos reagiu com força nesta quarta-feira (9/4) a novos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Após um pregão morno, a notícia de que Donald Trump suspenderia por 90 dias as tarifas recíprocas para parceiros comerciais — com exceção da China — mudou o rumo da sessão.
A soja, que até então estava estável, avançou 2,01%, com o contrato para maio fechado a US$ 10,1275 o bushel. A alta foi atribuída à decisão de Trump, que aumentou a confiança de que um possível acordo entre as duas maiores economias do mundo possa estar próximo.
Segundo Ale Delara, sócio da Pine Agronegócios, mesmo com o risco persistente de enfraquecimento da economia global, a medida dá sinais positivos. “A China rendeu US$ 12 bilhões para os EUA apenas com as compras de soja em 2023. Ambos os lados precisam desse comércio. A questão não é mais ‘se’, mas sim ‘quando’ esse acordo vai sair”, afirmou o analista.
A China, por sua vez, anunciou tarifas de até 84% sobre produtos americanos, em mais um capítulo da disputa. Delara avalia que essas medidas têm efeito mais simbólico do que prático, e que a pressão comercial é insustentável a longo prazo.
O milho também sentiu os reflexos do recuo tarifário de Trump e encerrou o dia em alta de 1,07%, cotado a US$ 4,74 o bushel. A expectativa de negociações com a União Europeia pode abrir caminho para novos canais de exportação do cereal norte-americano.
Já o trigo, em um cenário ainda volátil, registrou leve alta de 0,42%, a US$ 5,4225 o bushel, com os investidores monitorando os possíveis impactos da escalada tarifária nos fluxos internacionais da commodity.