
Este texto foi originalmente publicado na edição nº 929 da revista Avicultura Industrial, de abril de 1987, e revela um panorama desafiador enfrentado pela avicultura brasileira à época. Nos primeiros meses daquele ano, apesar de uma expectativa otimista impulsionada pela alta no preço da carne bovina e pela crescente demanda por proteínas acessíveis, o setor registrou perdas significativas de produtividade. Técnicos e produtores identificaram causas multifatoriais para o desempenho abaixo do esperado, com destaque para falhas no manejo alimentar e na formulação nutricional, além de limitações genéticas, sanitárias e climáticas.
O artigo reforça como, mesmo décadas atrás, a necessidade de qualificação técnica, adaptação às condições tropicais e aprimoramento das práticas de manejo já se impunham como pilares essenciais para a sustentabilidade da produção avícola nacional.
Texto na íntegra:
Nos primeiros quatro meses de 1987, o setor avícola brasileiro enfrentou um cenário preocupante com perdas significativas de produtividade, contrariando as projeções otimistas para o primeiro semestre. Embora tenha havido crescimento em relação ao ano anterior, o desempenho ficou aquém do esperado, justamente em um momento favorável para a avicultura, diante da elevação do preço da carne bovina e do aumento da demanda por proteínas mais acessíveis.

As causas para essa queda são múltiplas e ainda não totalmente esclarecidas, mas especialistas apontam fatores de ordem genética, sanitária, de manejo, ambientais e, sobretudo, nutricionais. Técnicos e produtores identificaram problemas relacionados ao fornecimento inadequado de nutrientes, tanto na formulação quanto na qualidade dos ingredientes das rações. Um dos pontos críticos foi o manejo alimentar inadequado de machos e fêmeas em conjunto e falhas na nutrição durante a fase pré-postura — período que exige atenção especial, pois influencia diretamente na produtividade da ave adulta.
Além disso, dificuldades na importação de microelementos essenciais e a ausência de mão de obra qualificada para o manejo das aves agravaram a situação, resultando em baixa produção, atrasos na postura, mortalidade embrionária e fragilidade na casca dos ovos. Também foi constatada a falta de parâmetros bem definidos sobre as necessidades energéticas das aves criadas em clima tropical, o que compromete a eficiência das dietas.
O cenário acende um alerta sobre a importância de investimentos em qualificação técnica, pesquisa em nutrição e melhorias no manejo para garantir a estabilidade e o crescimento sustentável da avicultura brasileira.